Título Original: Mindwalk
Diretor: Bernt Amadeus Capra
Atores: Liv Ullmann, Sam Waterston, John Heard
Ano: 1990
País: EUA, França
Ei-lo. O filme alvo, o resumo, o plot point. O livro de Capra é de 83. O filme, que aproximou na tradução o livro referência, no original é mais despretencioso: passeios da mente, ou algo do gênero.
A ideia é simples: uma conversa entre três pessoas de três mentalidades distintas, mas com objetivos comuns, com base nos conceitos do livro de Capra. Um é um político derrotado (dizem que o alter ego do Al Gore), outro um poeta, descrente, cético. A terceira (Liv Ullmann) é a cientista iluminada que traz uma nova mentalidade à luz. Se encontram em uma ilha francesa que, como diria o Zé, as vezes não é uma ilha.
E este filme me tocou fundo na alma e no meu pensamento. Foi crucial para me abrir as "portas da percepção", como diria o eterno poeta William Blake, muito citado neste filme. O personagem poeta, sempre que encontra uma iluminação cita uma frase dele, este mestre que permeia muitas épocas e conceitos.
As ideias ali apresentadas - e devemos admitir que já estamos um pouco atrasados - agora começam a florescer timidamente na sociedade, ainda sob disfarces imensos. E ela, a cientista, insiste que uma mudança - como quer o pragmático político - só virá quando mudar a visão por completo. A mudança vem no pacote. Mas o que é esta nova visão?
Difícil resumir aqui, pois ficará tosco e sem o mesmo valor, mas essencialmente é a compreensão de que todas as coisas estão interconectadas. Sejam ações humanas, relações entre pessoas, o funcionamento da natureza e as políticas de uma prefeitura.
Ela desconstroi a visão da física como a conhecemos para revelar que quase não existe matéria nos objetos, que eles são feitos essencialmente de vácuo. E daí? O que cria as coisas como elas são é uma maluquice de relações de elétrons, que não conseguimos controlar e nem observar. Esquisito, mas e daí? É o que me perguntei. O que uma coisa tem a ver com a outra? Por que raios ela está falando de física quântica?
Mas é aí que está o ponto. Quando se compreende que as coisas são feitas de relações e não de matérias sólidas e definidas, e quando se transporta este conceito abstrato para uma esfera global... o pensamento engata e vivemos uma espécie de Aleph (conto do Borges em que o personagem vê todas as coisas do mundo em um único ponto).
Quem viu o filme Avatar, viu este mundo (dos índios azuis), no qual a visão de interconexões está muito presente e é o grande mérito do filme. (embora tenha várias críticas ao modelo americanoide que o envolveu).
Por fim, este também é um ponto de mutação deste próprio blog. Creio que os meus leitores e espectadores dos filmes que até aqui foram postados chegam a maturidade com este filme. Acaba-se, portanto, a introdução, o primeiro terço dramático da trama. Que as portas das percepções estejam abertas e receptivas!
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Cena do youtube: (as seleções de melhores partes no youtube feitas pelo usuário dantemoretti são muito boas)
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Próxima semana:
William Blake fazendo poesia com sangue
William Blake fazendo poesia com sangue
Muito bem, devo confessar que vi este filme já achando que não iria gostar dele.
ResponderExcluirMas...sempre existe um mas...no seu decorrer esta má imagem foi mudando, até porque a imagem do filme, sua fotografia e suas cores, foram me agradando. Aquela conversa toda entre os 3 personagens, que a princípio parecia ser um pé no saco, foi se transformando e...de repente, parecia que eu estava lá naquela ilha que as vezes não é ilha, conversando com aquele poeta chato, aquele político atolado e aquela professora calma e paciente...e linda.
Eu adoro a Liv Ullmann.
:-))
Vi numa manhã fria e chuvosa de sábado, o que, acho, até ajudou para entrar no clima do filme...com duplo sentido, claro.
Quanto ao Avatar, como voce, eu acho que o perneta só passou para o lado de lá para ficar com aquela gostosona azul.
:-)))
Gostei muito do seu site. Sou fã dos filmes que aqui foram comentados. abs
ResponderExcluirSeu espaço cada vez melhor, ótimos textos analiticos e seleções de bons filmes. te leio, sempre! abs
ResponderExcluirVou rever este filme. Faz muitos anos que assistí...
ResponderExcluirAbraço!
Acho que vou rever de novo.
ResponderExcluirUm filme bom de ver todo ano.
quero assistir em portugues onde posso encontrar?
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