Título Original: Une Femme est Une Femme
Diretor: Jean-Luc Godard
Atriz: Anna Karina
Atores: Jean-Paul Belmondo e Jean-Claude Brialy
Ano: 1961
País: França
O que me encanta neste filme e na maioria dos filmes de Godard é a liberdade que ele tem para fazer cinema. Faz do jeito que quer, meio improvisado, meio sem roteiro, meio que um brasileiro jogando futebol. Usa e abusa dos recursos de linguagem e gosta de desafiar as regras. Não se pode quebrar o eixo. Ah, é? Não se deve usar cortes entre imagens muito semelhantes. Ah, não? Os atores nunca devem olhar para a câmera! Nunca?
Regras são motivações para Godard. E Uma Mulher é Uma Mulher é, na minha opinião, sua obra-prima. Não que os planos sejam extremamente elaborados, poéticos, enquadrados de forma a criar uma estrutura narrativa, etc. Pelo contrário, há no ar deste filme um clima de auto-consciência inexplicável. Os três atores brincam em sintonia, passeiam pelos espaços e entre a câmera, são parceiros ali da forma como nos passam esta conexão. Exemplo de cena brilhante. A menina (Anna Karina) está fritando um ovo, toca o telefone, ela taca o ovo pra cima, vai atender o telefone, fala, conversa, briga, depois volta e pega o ovo caindo.
Ainda há, na temática, algo que muito me interessa: a mulher. Muitas são as homenagens artísticas a esses seres extra-terrestres muito interessantes, mas este é demais. Especialmente porque a mulher, Anna Karina, é incomparável. Desde suas pequenas ações e reações ao modo como age a personagem, suas contradições mais bobas, suas reclamações mais tolas. É uma homenagem a um lado feminino pouco relacionado, uma homenagem a pequena garota com pequenos desejos, ao lado frágil e tolo da mulher, e não a uma mulher forte, governanta da casa e braço direito do marido.
Certa vez, li a sinopse do filme em um guia de cinemas de São Paulo, pois o filme iria passar em uma mostra ou algo do gênero. A sinopse era um tanto quanto ridícula. Algo como uma garota que quer engravidar e, para tal, faz de tudo para convencer o marido de aceitar a criança. Eu, que geralmente dou muito mais peso a análise de um roteiro do que outros fatores, devo assumir que este não é o forte aqui. Aliás, a falta de roteiro é que ganha força e sobrepõe uma certa falha estrutural no sentido mais clássico. Cada cena e cada relação de personagens e cada piada e cada momento tem muito mais força do que o conjunto, que não precisa ser levado muito a sério.
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(já vem com legenda em inglês e italiano)
Áudio original: Francês
Curti mto a idéia Victor...vou tomar com um exercício de aprendizagem sobre o cinema...Depois de assistir, coloco meus comentários.
ResponderExcluirAbração
Mas esse é o primeiro da lista? Ou a ordem virá em seguida?
ResponderExcluirAbraço!
Gostei do post (já disse isso hoje em outro blog seu).
ResponderExcluirO fato é que me deu muita vontade de ver o filme, não pela sinopse (claro), mas sim por essa "liberdade de criar" de Godard.
Hummm... será que não é maravilhoso um filme de um mestre desses quando ele tem total espaço para desenhar o que quiser?
Você poderia colocar ao público qual o próximo da lista. Estou curiosa.
Besos
Não terá ordem de preferência, o que eu fiz foi separar de alguma maneira por mês.
ResponderExcluirEste primeiro mês é o meu top five pessoal (pois este mês tem 5 segundas). Ou seja, são os filmes que eu mais gosto, independente de sua qualidade cinematográfica.
Semana que vêm tem um filme foda. Com cowboys, gaitas e tiros, muitos tiros...
Cowboys, gaitas e muitos tiros?
ResponderExcluirQuero ver!!!
:-)
obrigada pela expressão!! Pra mim foi uma ótima indicação :}
ResponderExcluirOlá Luna, obrigado por passar por aqui!
ExcluirO blog já está concluído, então fique a vontade para viajar por ele... e me desculpe qualquer falta de atualização.
Se gostou desse, pode ver Acossado, do mesmo Godard, Antes do Por do Sol, Smoking No Smoking e poderia acrescentar o recente e muito bom filme Frances Ha.