Filme: A Terra Treme
Título Original: La Terra Trema: Episodio del mare
Diretor: Luchino Visconti
Atores: Não atores que atuam sobre suas vidas
Ano: 1948
País: Itália
Existem muitos gêneros que eu gosto e seria muito difícil eleger um como o meu preferido. Existem muitas escolas cinematográficas que me agradam. Aliás, escolas que pregam determinada forma de se fazer cinema geram resultados sempre muito interessantes. Mas não consigo definir também uma como predileta.
Mas ao fazer esta lista de filmes, é perceptível que os italianos costumam me agradar mais. Há uma estética que surge na Itália que estará muito presente nesta lista, inclusive em filmes não italianos. Há uma alma que vêm, mais especificamente, da Sicília, que motiva os cineastas italianos a explorar o que há de belo e forte na pobreza da sua ilha sulista.
A Terra Treme é o ponto de início desta navegação e por isto entra logo aqui, de início. Revi o filme para poder escrever aqui e devo admitir que a narração, que eu não lembrava de existir, me incomodou, por ser muito incisiva sobre a interpretação das cenas. Ela toma um ar de dona da verdade e narra o sofrimento, explica o sentimento e as injustiças e dita os tempos das ações e diálogos.
Mas os personagens, os ambientes, os diálogos, a realidade com que toda a encenação ocorre é o que mais importa. Os atores são os próprios vivenciadores daquelas experiências. Antonio é Antonio, Rosa é Rosa, Nicola é Nicola. São pescadores, explorados pelos comerciantes locais, nunca organizados e, como diz a narração, uma tradição passada de pai para filho naquela comunidade.
O avô da família é um personagem que eu gosto bastante, apesar de pouco aparecer. O jovem neto que voltou do exército mais revoltado com aquela situação fica indignado com a exploração e o avô diz, ao modo siciliano: as coisas são assim e sempre foram e está tudo bem deste jeito. Me lembra um pouco o meu avô.
A "velha história" da exploração do homem sobre o homem, como diz o texto inicial do filme, se repete em diversos filmes neo-realistas italianos, em filmes brasileiros, americanos, iranianos. E onde quer que haja a mesma situação, haverá alguém se inspirando artisticamente (e criticamente). A tristeza e o sofrimento de um mundo ilógico e incompreensível, de um mundo que poderia ser mas não é, de um mundo duro, são as inspirações destas artes. Pois a solução para um mundo justo e bom parece tão ao alcance das mãos: basta que todos sejam bons e que haja amor entre as pessoas.
Mas, infelizmente, o mundo que sonhamos somos incapazes de realizar. Até mesmo os que chegam próximo do poder de transformação, pior ainda nesses casos, são incapazes de virarem a chave, ou de destruirem o anel. A força da injustiça dos sistemas parece maior do que toda a boa vontade de bons humanos.
Enfim, trata-se de um filme básico para a vida, para a compreensão do mundo a nossa volta, para o entendimento de determinada visão de mundo - não esquecendo da data histórica em que o filme foi feito - e, especialmente, é essencial para melhor assistir muitos outros filmes que por essa lista passarão.
(com legenda em português)
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Semana que vem:
um casal conversando. Só isso o filme inteiro. Mais um monólogo da mulher. Como falam essas mulheres! Mas como são lindas, especialmente essa.
Se fosse apostar diria que o 4o filme é o Antes do Amanhecer, talvez Antes do Pôr do Sol....
ResponderExcluiro victor tem mais a cara de antes do por do sol...
ResponderExcluirBoa Fisch, esse seu blog é uma grande beleza.
ResponderExcluirTenho essa ligação com os filmes italianos também amici.
fora do ar
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