segunda-feira, 20 de junho de 2011

Caché

Filme: Caché
Título Original: Idem
Diretor: Michael Haneke
Atores: Daniel Auteil, Juliette Binoche, Maurice Benichou
Ano: 2005
País: França




Haneke é um dos diretores atuais que mais gosto. Pelo seu modo duro de filmar, por sua ousadia. É daquele tipo de filme que gosta de provocar o espectador. Quanto tempo eles aguentam uma primeira cena parada em um plano que nada acontece? E assim começa Caché. E teve gente que saiu do cinema nesta primeira cena, o que, para mim, já dá uma moral extra ao filme. Pode ser que tenham errado de sala ou algo do gênero, mas o filme precisa incomodar alguém, pelo menos um.

Depois de dez minutos de uma simples cena da fachada de uma casa, a imagem começa a ser acelerada. Percebemos então que um casal, vivido por Daniel Auteil e Juliette Binoche, está assistindo ao vídeo. Receberam aquela fita pelo correio e a gravação mostra justamente sua casa. Veja que violência cruel e silenciosa! Você filma a casa de alguém e deixa a fita na porta, para dar o recado de que você está ali, observando.

Este é o começo de uma tensão que surge na vida do casal francês de classe média. Cada vez um novo sinal surge, uma nova mensagem e cada vez mais eles vivem com medo, sem compreender de onde vem as ameaças. Ambos criam internamente suas teorias, voltam ao passado, mas não revelam as cartas, não jogam abertamente. O terrorista aos poucos deixa pistas de quem ele é, alertando que conhece muito intimamente o passado do casal.

Não vou revelar aqui tudo que acontece, no entanto é interessante fazer uma análise mais analógica da obra. Como acabo de voltar da França, sei que a questão da imigração nesses países europeus é tensa, assim como o filme, uma tensão meio silenciosa. E em muitos filmes, especialmente franceses, essa questão vem aparecendo. Não importa se proposital ou não, mas é possível entender que há uma relação lógica entre um medo dessa classe europeia em crise e a imigração, da qual preferem não falar muito.

Ainda vale uma menção honrosa ao plano final do filme. Aberto, em todos os sentidos. Defendo muito esse cinema aberto, sem explicações redondas e claras, sem deixar o espectador confortável. Gosto do cinema que não explica. Gosto do cinema que pergunta mais do que responde. E este plano final de Caché é um manifesto por si só.




Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:

http://youtu.be/lS4VVUYsK44

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Próxima semana:
Violência violenta!

5 comentários:

  1. Engraçado como nós temos visões diferentes sobre a mesma coisa. Eu vi este filme, até gostei dele, mas não me lembro de ter ficado impressionado, tenso, acuado ou seja o que for durante a exibição.
    A coisa da cena parada que voce comentou também funciona diferente para mim. Me lembro daquele filme sobre a escola no interior da França. Aquele diretor sim é que faz uso desta preguiça de movimentação da camera e eu até escrevi sobre isto...acho até que dá para escutar o cameraman roncando numa das cenas :-) :-)
    No caso do Cache a coisa é diferente. É um filme dentro do filme e isto eu achei super legal.
    Ah sim, quase me esqueço, a Juliette Binoche é uma gracinha!!!

    Zé Rodrigo

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  2. Caro Zé,

    você deve ter um sangue quase que congelante para não se sentir cada vez mais espremido por esse filme.

    Aliás, não há nada tão violento quanto o "Violência Gratuita", do mesmo Haneke. E nada de pancadaria, é essa violência cruel e silenciosa.

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  3. Blogmassa o/ following, reading, downloading, commenting, moviewatching , gerundio death. o/

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