segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Close-up

Filme: Close-up
Título Original: Nema-ye Nazdik
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1990
País: Irã

documentário (ou não?)


É necessário parar, pois aqui não se trata de um filme normal. Respire fundo até abrir sua mente para uma nova linguagem.

Este documentário meio ficção parte de um fato curioso ocorrido no Irã. Certo rapaz foi preso por se fazer passar pelo cineasta Mohsen Makhmalbaf (o mesmo de Salve o Cinema). E o que queria o sujeito com seu crime? Não muito, não era um golpista ou coisa do gênero, nada de criminoso. Se passou pelo cineasta pelo simples fato de o terem confundido e pelo prazer de poder ser, por alguns momentos, aquele ídolo que tão bem representa o sofrimento do povo iraniano. Kiarostami não aguentou tamanha tentação e foi atrás do rapaz na prisão. (assista a cena do youtube)

Depois, Kiarostami levou o rapaz para a mesma casa na qual cometeu os crimes e fez com que, tanto o criminoso como as vítimas atuassem em uma representação daquilo que havia ocorrido. E ainda envolveu quem na trama? O próprio Makhmalbaf. Loucura.

Mas que coisa incrível! Que poesia! Kiarostami busca conversar com seu personagem atrás do que motivou aquele crime e só encontra uma grande paixão dele por cinema. No julgamento, o próprio Kiarostami pede permissão para fazer indagações. Adoro esta cena em particular, pois revela algo que comentei no Salve o Cinema, do poder que o cinema iraniano tem em sua sociedade. A tal ponto que a pergunta de Kiarostami é levada em consideração no mesmo peso que a do juiz, que também é entrevistado.

Este caminhar na linha tênue entre a ficção e a realidade me traz muito interesse. Em primeiro lugar porque enaltece o poder do naturalismo. Em segundo lugar porque questiona a necessidade de se qualificar um filme nesses aspectos. Eu costumo colocar em meus filmes - e faço disso uma meta - aquela clássica frase "baseado em fatos reais", como um selo de qualidade. Ora, a realidade dos fatos não faz de um filme ruim um bom filme. Nem tampouco determina que um filme fantástico não possa ser, em sua essência, mais real do que um filme naturalista. E, afinal de contas, todo e qualquer filme é baseado em fatos reais, por mais fantásticos que esses sejam.

Para concluir este mês de piração, que eu adorei fazer, recomendo um filme que não está na minha lista, só porque é um pouco mais longo do que deveria, mas que eu adoro a loucura dele, que é um português chamado "Aquele Querido Mês de Agosto".


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui
(tem poucos seeders, então, ao baixar, compartilhe)



Cena do youtube:





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Próxima semana:
A piração de Fellinni

3 comentários:

  1. Opa!
    A atividade começou cedo neste domingo.
    Bom dia, ou boa noite, porque vou dormir agora.

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  2. Pois é. O bom é sair do forno de madrugada para estar nas bancas logo cedo...

    recomendo essa fornalha fortemente.

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