segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

eXistenZ


Filme: eXistenZ
Título Original: Idem
Diretor: David Cronemberg
Atores: Jennifer Jason Leigh, Jude Law, Iam Holm, William Dafoe, Sarah Polley
Ano: 1999
País: EUA



Existenz é um universo todo novo, da cabeça de Cronemberg (o mesmo diretor de A Mosca). É um jogo no qual o jogador precisa entrar virtualmente tão profundamente naquela nova realidade que ele não consegue distinguir o real do fictício.

As rodas de jogadores parecem um pouco lan houses com jogadores compenetrados, debaixo de seus fones de ouvido, imersos em jogos de guerra e coisas do gênero. Aqui, uma espécie de chip é implantada na espinha vertebral das pessoas que entram no jogo. Elas apagam e entram de corpo e alma nesta nova realidade. Mas há o jogo dentro do jogo e nunca sabemos onde está a realidade, pois nenhuma delas é próxima da nossa. (é melhor ver o trailer aí embaixo, para entender melhor)

Alguns cineastas tem capacidade de criar mundos paralelos, como é o caso mais reconhecido do Tim Burton. Mas também do Miyazaki e do Syvian Chomet. Cronemberg é outro da lista, com seu prazer por aberrações, mutações biológicas e uma certa podridão de submundo. Por isso, os ambientes de eXistenZ são tão interessantes. Me lembram também um pouco do submundo de outras ficções científicas, como Blade Runner e Minority Report.

Eu não sei dizer se há uma crítica a alienação aqui, mas há, no mínimo, uma excelente interpretação de possibilidades deste mundo. Temos uma obsessão pelo real, por simular o real. Desde as pinturas, a fotografia, o próprio cinema, os jogos e as novas tecnologias 3D, estamos sempre buscando esta estranha experiência de viver uma outra realidade.

Brincam com este limiar muitos filmes deste blog, pois é uma temática que me interessa bastante (quem sabe possa surgir um mestrado daí?). Falo muito sobre isso em Jogo de Cena e, especialmente, em Close Up.

Um cena que merece destaque aqui é quando Jude Law, em desespero, sem saber o que fazer, grita "eXisteZ is paused!" e ele sai daquele mundo voltando a antiga realidade. Outra, que não vou descrever aqui, é a perfeita cena final. Para deixar uma vontade maior de ver o filme.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
O mundo íntimo de um músico tímido.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Smoking / No Smoking





Filme: Smoking / No Smoking
Título Original: Idem
Diretor: Alain Resnais
Atores: Sabine Azema, Pierre Arditi
Ano: 1993
País: França







Sempre tive um incômodo com filmes que tratam de viagens no tempo e coisas do gênero. Em especial porque as tentativas de explicações científicas me incomodam. Uma característica mais comum nos filmes clássicos e em especial americanos é tentar sempre uma explicação plausível, que nunca conseguem atingir. Isto começa (e já refleti sobre isso aqui no blog) em De Volta para o Futuro. Como seria possível que ações do passado não influenciassem o futuro? Sou adepto da teoria que um bater de asas de uma borboleta pode provocar um furacão no Japão. Mas o filme Efeito Borboleta, no qual um garoto consegue ter flashs de volta ao passado, deturpa a teoria. Exemplo: ele quer provar que consegue voltar ao passado, então volta a um momento na escola e enfia uma faca na mão, volta ao futuro e aparece uma cicatriz na mesma mão. Mas tal evento teria afetado tanto sua vida que seria impossível ele estar ali, no mesmo local do futuro.

Smoking / No Smoking é uma brincadeira com o tema que, depois que vi, desisti de fazer qualquer coisa relacionada a isso, pois tal filme serve como ponto final. A explicação que ele usa é simplesmente um recurso de linguagem cinematográfica. São dois filmes, na verdade. No primeiro, a mulher resolve fumar um cigarro e a história segue um caminho até que, em determinado momento ele usa uma tela com os dizeres "ou então" e volta a algum ponto atrás, uma simples mudança que afeta todo o futuro da história. São apenas dois atores que se relacionam e brincam com estas possibilidades de futuro. Ele volta várias vezes nos mostrando que em qualquer momento, qualquer decisão nos leva a um lugar diferente. Um adepto da falta de destino, do poder de influenciarmos nosso futuro. No segundo filme, ela resolve não fumar e toda uma árvore de novas possibilidades surge.

Sempre reflito sobre o tema e tenho a teoria de que vivemos em um espaço de tempo infinito, o que nos possibilita todas as possibilidades que o acaso permite. Ou seja, tudo! O que podemos imaginar e o que não podemos. Como o tempo é infinito, aqui estamos agora, mas já estivemos exatamente neste ponto infinitas vezes no passado e estaremos nele infinitas vezes no futuro. Uma coisa totalmente maluca, eu sei, mas que este simples filme traduz de forma brilhante.

No vídeo do youtube abaixo, uma campanha divulgando a exibição dos dois filmes, simultaneamente.





Torrent: download aqui / download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
O mundo maluco de cronemberg.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Timecode


Filme: Timecode
Título Original: Idem
Diretor: Mike Figgs
Atores: Xander Berkeley, Golden Brooks, Salma Hayek, Stellan Skarsgard
Ano: 2000
País: EUA


Para quem viu esse filme, a dica da semana passada ficou fácil: "planos sequência divididos em telas". Porque isso é o filme. Isso resume sua importância. Foi um marco no cinema recente, que explorou as novas possibilidades do cinema digital, assim como Avatar foi para o cinema 3D.

Mais um filme que vi na mostra internacional de cinema. E foi uma grande experiência. Quatro câmeras acompanham situações diferentes, em quatro planos sequência, que se juntam e se afastam, dividindo a tela em quatro. O som guia nossa atenção, sendo predominante na tela em que o diretor nos quer mostrar no momento. Mas temos a liberdade de observar as outras, se assim quisermos. E tudo tem um toque de um ensaio misturado com um improviso, chegando a ser bem cômico em alguns momentos.

É um desses filmes que tem uma importância histórica mas que, diferente de Arca Russa, apesar das inovações tecnológicas, não sustenta um enredo bom o suficiente para se perpetuar. Mas como este blog tem o intuito de trazer visões pessoais minhas e, portanto, os filmes que se perpetuam em mim, este aqui está.


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Fumar ou não fumar, eis a questão.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Arca Russa


Filme: Arca Russa
Título Original: Russkiy Kovcheg
Diretor: Alexandr Sukurov
Atores: Sergei Dontsov, Mariya Kuznetsova
Ano: 2002
País: Russia


Arca Russa é um desses filmes que são feitos para serem apreciados como uma obra de arte. Não se trata de um entretenimento e, portanto, a análise do ponto de vista do gosto do espectador não interessa. Ou seja, pouco importa se agrada ou não ao público.

Ao entrar no cinema (mais um filme que vi na mostra do Cakoff), não sabia muito o que esperar. Tinha ouvido falar pouco do filme, mas muito bem. E a mostra fazia uma homenagem a Sukurov, trazendo vários de seus filmes e o convidando para assinar o cartaz do festival. Ele desenhou algumas árvores ao vento. Um belo cartaz. Ali embarquei na obra.

A primeira impressão é a angústia da falta de corte, pois o filme se passa inteiro em um plano sequência. Como estamos acostumados ao corte, nos é aflitivo não poder contar com ele. A segunda aflição é entender muito pouco das referências históricas trazidas pelo filme, pois ele faz um panorama da história russa, viajando no tempo enquanto passeia pelas salas do museu Hermitage.

Mas ao fim da viagem, a sensação é incrível. Acompanhamos uma espécie de sonho de um personagem que viaja por esse museu, passando por diversos eventos e conversando com um guia também livre para perambular entre os cômodos.

Ao mesmo tempo em que faz essa viagem em um ritmo lento, ao estilo de seu mestre Tarkovsky, e nos traz diversas referências de época, sua produção é altamente contemporânea. Abusa dos recursos que hoje em dia ficam cada vez mais acessíveis. Filma em digital, o que chega a ser um erro de linguagem, e realiza o sonho de Hitchcock (quando quis fazer Festim Diabólico em um plano sequencia, mas tinha que cortar algumas vezes, pois os rolos de película nunca chegaram a duas horas).

E realiza este sonho com perfeição e ousadia. Envolve centenas de atores, coreografias, danças de salão, figurinos de época. Na maravilhosa sequência final (video abaixo), todos descem uma escada após a dança. Realmente parece que entramos naquele mundo.

Eu fui ver o filme sozinho e não tinha com quem compartilhar minhas sensações. Mas os outro espectadores (alguns acordando), também não tinham muitas palavras para dizer. Apenas algumas bocas abertas de admiração. Mesmo aqueles que não gostaram, que acharam o filme chato, admitiram sua beleza. Obra prima.


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Planos sequências divididos em telas.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dezembro - Outras Linguagens

Cinema é linguagem. Em geral, seguimos regras para entendê-la melhor, como qualquer linguagem. Griffith, no início do século XX foi quem determinou a maioria dos padrões que, hoje em dia, nem sequer notamos. Eisenstein criou outras maneiras de contar suas histórias. Mas o cinema industrial, a TV e, falta de competência generalizada e de criatividade e os manuais de roteiros determinaram um certo padrão na forma de contar filmes.

Mas ainda há os que fogem desses padrões. Quatro deles estarão aqui neste mês. Loucos ou gênios?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um Dia de Cão


Filme: Um Dia de Cão
Título Original: Dog Day Afternoon
Diretor: Sidney Lumet
Atores: Al Pacino, John Cazale
Ano: 1975
País: EUA


Lumet se mostra um gênio do filme simples, de uma locação. O mesmo diretor de 12 Homens e Uma Sentença, da semana passada. Com o brilhante Al Pacino e seu comparsa John Cazale, a mesma dupla que se reencontra em O Poderoso Chefão e sua sequência, Um Dia de Cão é um filme inesperado de um assalto a banco.

O filme recria um assalto real, que remete a um massacre policial, em Attica (como na cena abaixo). Mas sua força está, como Lumet faz muito bem, no paciente desenvolvimento de seus personagens. Ele não apela a recursos como flashback, fotos e cartas, nem precisa de muitos anos para revelar as facetas de seus personagens. Em apenas um dia do assalto, com reféns que participam da trama, tudo vai sendo descoberto.

O mais surpreendente é a real motivação do personagem de Al Pacino para assaltar o banco: seu amante, um homossexual que quer fazer uma transformação de sexo. As cenas de Al Pacino ao telefone são as mais brilhantes do filme e, possivelmente, de toda a sua carreira. Há uma história que vi numa entrevista do Lumet, em algum lugar, que diz o seguinte: durante as filmagens, esta cena era a que mais daria trabalho ao Al Pacino, se preparou e, quando finalmente encerraram de maneira brilhante, com o ator suado e acabado, quase sem forças mais, Lumet pediu para que ele fizesse mais uma vez. Já estava satisfeito, mas queria estressar mentalmente Al Pacino para tirar o seu melhor. E foi essa última tomada que agora está ali, perfeita e inesquecível.


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Filme-história-foda-plano-sequência.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

12 Homens e Uma Sentença


Filme: 12 Homens e Uma Sentença
Título Original: 12 Angry Men
Diretor: Sidney Lumet
Atores: Henry Fonda, E. G. Marshall 
Ano: 1957
País: EUA


Este filme é a mais perfeita imagem do tema que une os filmes deste mês: simplicidade. A bem da verdade, trata-se de uma peça teatral filmada. Mas o texto é tão bom, as atuações tão perfeitas que o que poderia ser entediante fica absolutamente intrigante.

São 12 juris discutindo uma sentença. O crime parece óbvio e todos querem sair dali o mais rápido possível. Onze deles rapidamente decidem pela condenação do garoto. Apenas Henry Fonda discorda, não por convicção de sua inocência, mas apenas para que, ao menos, o assunto possa ser debatido. (cena abaixo) Como a decisão precisa ser unânime, ali ficam.

Em um crescente de questionamentos, os jurados passam a tentar analisar mais profundamente o caso e percebem que sua primeira impressão pudesse ser errônea. Assim, vemos o quão frágil é o sistema judicial e suas subjetividades, pelas quais seria impossível, por exemplo, ser a favor da pena de morte. Os preconceitos ficam evidentes e, junto com eles, como os pré-julgamentos são feitos não ao observar fatos e sim opiniões pessoais, seus traumas e cultura.

Dois documentários brasileiros revelam o nosso sistema, da mesma diretora, Maria Augusta Ramos: Justiça e Juízo. Excelentes filmes que, com uma câmera distante, apenas observam o funcionamento (ou não) da lei.

Como dramaturgia, o texto de 12 Homens e Uma Sentença é perfeito. Cada um dos personagens é aos poucos revelados e, como todos passam por uma mudança de lado, até a unanimidade pela inocência, todos tem uma curva dramática, algumas mais fortes e outras mais fracas. E é claro que os diálogos e formas de argumentação são maravilhosas.

De certa forma, há aqui uma clara distinção de posturas, em um gradual painel. Desde a sensatez de Henry Fonda, da posição de querer ouvir e debater sem juízo de valores, até a alguns extremistas e pragmáticos que são intransigentes quanto a suas posições. Admitir uma mudança, portanto, é uma derrota pessoal tão grande como se ele próprio fosse considerado o culpado. Seria como se, numa apologia política atual, a Dilma resolvesse voltar atrás da construção de Belo Monte já que a sociedade se manifestou e apresentou argumentos fortes o suficiente para que o projeto fosse parado. Mudar de posição é considerado, na nossa sociedade, um crime tão grave como ter cometido o crime em primeiro lugar.


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Um banco, apenas. E tudo que isso implica.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Jantar


Filme: O Jantar
Título Original: La Cena
Diretor: Ettore Scola
Atores: Fanny Ardant, Giancarlo Giannini, Vitorio Gassman, Marie Gillain, Riccardo Garrone, Antonio Catania
Ano: 1998
País: Itália










Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
O mestre simplista, Sidney.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Gerry

Filme: Gerry
Título Original: Idem
Diretor: Gus Van Sant
Atores: Matt Damon, Casey Affleck
Ano: 2002
País: EUA










Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Simplicidade italiana.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Novembro - Simplicidade

Sempre tive grande admiração pela simplicidade no cinema. Pela simplicidade em geral, na verdade. Mas no cinema, mais. Amo a ousadia de Antes do Por do Sol, de fazer um filme de um diálogo apenas. Mais ousado é Kiarostami, em Cópia Fiel e Dez - este, de irritar o espectador comum. O cinema iraniano, de forma genérica, alcança muito a simplicidade. Este também é o trunfo do cinema argentino, diante do tupiniquim. Como se diz, menos é mais, contrariando nossos aprendizados do primário. Na vida, serve bastante.

E a simplicidade, no cinema, considera sua produção. Filmar em apenas um local, por exemplo. Eis a simplicidade do complexo filme Jogo de Cena, do Coutinho. E todos os filmes deste mês seguem um pouco a mesma linha. Uma locação, excelentes diálogos e personagens.

Uma citação de internet, que não posso assegurar a fonte:
"Desculpe a longa carta. Escreveria outra, menor, se tivesse mais tempo." - Descartes

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Homenagem a Leon Cakoff

Me desculpem, leitores, pelo abandono das últimas semanas. Prometo que nesta coloco este blog de novo no trilho. Como brinde, faço esta pequena homenagem ao Leon Cakoff, criador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que faleceu recentemente.

Todo ano, trouxe para São Paulo os melhores filmes do mundo. E muito devo a essa mostra, como muitos outros já disseram. Hoje em dia é difícil de acompanhá-la, aguentar as filas e os chatos cults. Mas os filmes valem a pena.

Coincidentemente, muitos dos últimos filmes deste blog foram assistidos por seu autor na tal mostra. E em especial outros filmes de diretores já citados aqui, que sempre tem novos filmes na mostra. Faço uma pequena lista aqui:

Corra, Lola, Corra (e também outros filmes do Tom Tykwer, como Inverno Quente e Paraíso);
Gente da Sicília (e um outro filme esquisitíssimo dos mesmos diretores);
Tulpan;
Arca Russa e Timecode (os dois ainda não entraram no blog);
Novos filmes do Coutinho, Mike Leigh, Sukurov, Haneke, Kiarostami (que o Cakoff adorava), entre tantos outros.

E a mostra rolando agora em São Paulo. E eu não vi nenhum filme. Fica a promessa de que no ano que vem, aí sim, vou comprar o pacotão e tirar férias nessa época...

Morangos Silvestres

Filme: Morangos Silvestres
Título Original: Smultronstället
Diretor: Ingmar Bergman
Atores: Victor Sjöström, Bibi Andersson
Ano: 1957
País: Suécia









Torrent (e legenda): download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Outro deserto eloqüente.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tulpan

Filme: Tulpan
Título Original: Idem
Diretor: Sergei Dvortsevoy
Atores: Tolepbergen Baisakalov, Samal Yeslyamova, Ondas Besikbasov
Ano: 2008
País: Casaquistão








Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Meu ex-assistente deu uma dica errada, pois os que plantamos não são silvestres.

domingo, 23 de outubro de 2011

Tulpan

Olás nessas duas ultimas semanas nosso criador do blog, Victor Fisch está numa missão no Xingu. Ele volta na terça-feira, e eu como assistente fiquei de pelo menos montar as páginas dos filmes para não quebrar a rotina das segundas-feiras.
Mas não o fiz. esqueci completamente. Desculpe caros leitores.
Então após muitos comentário resolvi dar uma satisfação a vocês assiduos do blog.

Primeiro porque é época de mostra internacional de cinema em São Paulo, e o filme dessa semana veio da 33º Mostra (estamos na 35º).
Tulpan, já falado anteriormente aqui no blog. Assistimos ao filme despretenciosamente, foi uma indicação do amigo Fabio Baldo, por ser um filme do Cazaquistão, resolvemos apostar, não conheciamos nada do cinema de lá. E fomos maravilhosamente agraciados com um filme super interessante, de uma linguagem quase documental e de um cultura da qual não conheciamos.
E eis que esse fim de semana durante uma sessão e outra de filmes  da mostra vejo na vitrine da livraria cultura o próprio Tulpan em dvd, num lançamento de filmes especiais e inéditos em dvd, lançados pela mostra e fiquei muito feliz!



Distribuidora:  LIVRARIA CULTURA DVD
Gênero:  CINEMA EUROPEU
País:  Cazaquistão e Russia
Ano: 2008















Cena do Youtube:
http://youtu.be/WP0lQ6AHTps

Próxima Semana:
Plantamos aqui na varanda de casa

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Limite

Filme: Limite
Título Original: Idem
Diretor: Mário Peixoto
Atores: Olga Breno, Taciana Rei, Raul Schnoor
Ano: 1931
País: Brasil



Limite não se encaixa muito bem na história do cinema brasileiro. Em primeiro lugar, porque as referências de Mário Peixoto vinham muito mais da Europa do que de outros cineastas tupiniquins. Mais ainda por ser seu único filme. Passou a vida planejando seu segundo projeto, que nunca saiu dos papéis. Talvez por medo de não conseguir superar a qualidade de sua obra prima.

Limite é uma mistura de realismo, surrealismo e construtivismo. Tende mais para o primeiro, esteticamente. Os lindos enquadramentos, as temáticas e as atuações vão nessa linha. Mas há uma imagem, tirada de uma capa de revista que Mário Peixoto viu na Europa, que dá um outro estilo ao filme. O rosto de uma mulher e os pulsos algemados mais parece uma imagem de Buñuel. Já o modo como é inserida no filme lembra Eisenstein.

Seja como for, o que fica é a sensação do balançar do mar.


Torrent: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Uma orelha do Cazaquistão.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Gente da Sicília

Filme: Gente da Sicília
Título Original: Sicilia!
Diretores: Danièle Huillet e Jean-Marie Straut 
Atores: Gianni Buscarino, Angela Nugara
Ano: 1999
País: Itália



De certa forma, por um princípio de sua sinopse, Gente da Sicília lembra o famoso Cinema Paradiso. Ambos tratam de um filho que retorna a uma terra esquecida da Itália, ao encontro de sua mãe e seu passado. Mas esteticamente nada tem de semelhantes.

Este filme é um desses difíceis de tragar pelo público em geral, pois não deve ser entendido como entretimento. Trata-se de uma obra de arte, a ser apreciada como quadros, que são. Uma sequência deles, parados, longos. Um museu no qual os diretores definiram o tempo de apreciação de cada um de seus enquadramentos.

Embora a estética possa fazer referência ao neo-realismo, com uma fotografia preto e branca, locações e não atores, os diálogos tem um tempo pouco naturalista, que gera um estranhamento. Cada um fala em seu turno, aguarda sua vez e desembucha um diálogo longo. De certa forma, me lembra o grande filme português "Aquele Querido Mês de Agosto".

E mesmo com essa forma explícita, que ignora o naturalismo, a realidade está ali, muito presente. Como se os personagens interpretassem a si próprios e o filme fosse um documentário dessa ficção.

Assisti esse filme em uma Mostra Internacional (que começa logo mais em São Paulo, dia 21 de outubro), e me marcou profundamente. Um proposta que não vi nunca mais, mas que muito me agrada.


Torrent: download aqu
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Brasil num cinema que não existiu.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Rocco e Seus Irmãos

Filme: Rocco e Seus Irmãos
Título Original: Rocco e i Suoi Fratelli
Diretor: Luchino Visconti
Atores: Alain Delon, Claudia Cardinale, Renato Salvatori, Annie Girardot, Max Cartier, Rocco Vidolazzi
Ano: 1960
País: Itália





Torrent: download aqu
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
A Sicilia. Tão esquecida por todos, tão amada pelo cinema.

Outubro - Au naturel

Voltamos as origens deste blog. Ao começo de suas discussões. A Visconti, Di Sica e cia. O naturalismo, o realismo, o cinema verdade. Mas agora sob um outro ponto de vista. Um crescente de visões não tão naturalistas dentro do próprio naturalismo.

Viajamos o mundo. Saímos da Itália para ver a dura relação do homem com seus horizontes, do mar brasileiro, das plantações suecas e do deserto do Kazaquistão (duvido que alguém viu outro filme deste país). Foi em março de 2010 que o tema estava presente aqui. Um ano e meio depois, ele ainda vigora forte dentro de mim. Reverbera. O meu personagem J. ora é naturalista, ora alucina. Está sempre aqui.

O bom deste mês é que teremos dois filmes incomuns, que a maioria dos seguidores deste blog não devem ter visto. Eis minha aposta!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Blow Up

Filme: Blow Up - Depois Daquele Beijo
Título Original: Blow Up
Diretor: Michelangelo Antonioni
Atores: David Hemmings, Vanessa Redgrave
Ano: 1966
País: Itália e Inglaterra








Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:


--------------------
Próxima semana:
A família italiana começa pelos irmãos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cinema, Aspirinas e Urubus

Filme: Cinema, Aspirinas e Urubus
Título Original: Idem
Diretor: Marcelo Gomes
Atores: João Miguel, Peter Ketnath
Ano: 2005
País: Brasil


Marco do cinema recente brasileiro, por ser uma obra simples, original, autoral, universal e muito bela. Boa, bonita e barata.

Um filme que tem a força de um bom roteiro e um ator que tem se tornado o meu predileto do cinema nacional: João Miguel. Ao lado de Peter Ketnath, formam uma dupla para debater, refletir, conversar.

Assim andam pelo nordeste branco da fotografia de Mauro Pinheiro. E pelos idos anos 40, época da segunda guerra mundial. O alemão, com seu trabalho de viajar o Brasil, apresentando o cinema e vendendo aspirinas.

De universos totalmente distintos, o alemão e o nordestino poderiam dar uma dessas duplas cômicas de filmes americanos. Mas o Marcelo Gomes prefere apostar na leveza e na consciência de se fazer cinema. 

Mais ainda, cria um novo estilo cinematográfico brasileiro, juntamente com Karin Anouz, Sergio Machado e Claudio Assis. Um novo cinema nordestino.


Torrent: download aqui



Cena do youtube:


--------------------
Próxima semana:
Ampliando uma fotografia.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Estrada da Vida

Filme: A Estrada da Vida
Título Original: La Strada
Diretor: Federico Fellini
Atores: Anthony Quinn, Giulietta Masina
Ano: 1954
País: Itália


De certa forma, A Estrada da Vida é uma comédia romântica no estilo de Fellini, entre os memoráveis personagens Zampano e Gelsomina ( e os brilhantes atores Anthony Quinn e Giulietta Masina).

Mas muitas coisas o tornam especial. Em primeiro lugar, é impossível descrever a beleza desses personagens, caricatos e naturalistas. Gelsomina tem um sorriso e uma tristeza que se somam de uma maneira tão misteriosa, tem uma ingenuidade e uma sinceridade que se complementam. Ela é, por si só, uma obra prima.

Zampano já é o homem bruto, sem escrúpulos, que trata sua mulher como um objeto. Mas quando a perde, sente uma dor que o transforma de tal maneira que sentimos a profundeza de sua dor.

A Estrada é uma mistura de estilos e referências, ora exagerado (ou feliniano), ora realista, como um filme de Visconti. Nessa estrada, como em quase todos os filmes que seguem uma estrada, personagens aparecem e somem, pegam carona e descem. Gelsomina é uma delas, que sobe na carroceria de Zampano no início do filme. Depois desce e some. Mas a música (ah, a música!) de Nino Rota, fica para sempre. Assim como as sensações que estes eternos personagens nos deixam.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:


--------------------
Próxima semana:
A estrada brasileira

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Passageiro - Profissão Repórter

Filme: Passageiro - Profissão Repórter
Título Original: Prefessione: Reportes
Diretor: Michelangelo Antonioni
Ator: Jack Nicholson
Atrizes: Maria Shneider
Ano: 1975
País: Itália, Espanha, França


A primeira cena do filme já me conquistou. Justamente por não ter nada de especial. As coisas estavam ali como são. Já entendemos, assim, que se trata de uma história que estamos pegando do meio, que aqueles personagens viveram até ali. Pegaremos uma breve carona e depois partiremos.

E o personagem com o qual pegaremos essa carona é vivido pelo mestre Jack Nicholson. Presente recentemente neste blog em O Iluminado e, antes disso, em Estranho no Ninho. Embora alguns frequentadores deste boteco não concordem com as críticas que fiz a suas recentes aparições, é claro que ele é brilhante, para mim. Chega próximo do mestre Mastroianni

David Locke é um jornalista, desses que viajam o mundo. Mas está insatisfeito com sua vida, em meio a  uma viagem que faz na áfrica. Surge quase que repentinamente uma oportunidade de se fazer passar por um outro homem, que morre no hotel em que está hospedado. Diante da precariedade africana, é fácil para que ele forge essa troca de identidade. A temática parece de um filme de Hitchcock, mas os tempos, o clima e a reflexão colocam as marcas do Antonioni.

Ele conhece a personagem de Maria Schneider, livre, sem identidade, sem nome,  sem cobranças ou perguntas, que embarca com ele em sua viagem de se passar por este outro homem. Passam. Por lugares e conversas. Ao perceber que sua nova vida corre risco, David pede à garota que vá embora. Que se encontram em outro momento.
Vemos, então, na sequência final, uma obra prima. Um plano que passeia pelo quarto e observa a movimentação de fora, atravessa as grades da janela e continua a observar. Está aqui abaixo, mas só pode ser assistida por quem já conhece o filme e quer relembrar este momento maravilhoso.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui

Cena do Youtube:



----------------
Próxima semana:
Gelsomina!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Setembro - Estrada Itália-Brasil

Como já disse algumas vezes neste blog, sou fã do cinema italiano. Mas há, também no Brasil, alguns filmes que andam pelas mesmas estradas. Ou, no mínimo, semelhantes.


Neste mês, de setembro, este blog mostrará dois filmes italianos e dois brasileiros que, para completar, se assemelham por serem "road movies". Ou seja, são filmados em estradas, rodando de cidade em cidade.

Outros filmes que se relacionam:
O Pagador de Promessas
Ladrões de Bicicleta
A Terra Treme

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

2001 - Uma Odisseia no Espaço

Filme: 2001 - Uma Odisseia no Espaço
Título Original: 2001: A Space Odyssey
Diretor: Stanley Kubrick
Ator: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Syvester
Ano:1968
País: EUA


Eis a obra, o monolito.

O filme é dividido em quatro partes distintas, proporcionais. A primeira é a clássica sequencia inicial na qual os homens primitivos descobrem a força e utilidade dos instrumentos. Por si só, uma obra prima.

Com a "maior elipse temporal do cinema", que é o corte do osso para uma espaçonave, entramos na chata segunda parte do filme. Temos a bela dança de valsa da espaçonave, girando lentamente pelo espaço. Mas devo considerara-la inutil ou, no mínimo, enfadonha.

A terceira, outro curta, talvez seja a de dramtaurgia mais tradicional. Há personagens mais construidos e conflitos estabelecidos. A excelente participação da inteligência artificial de Hall, o computador de bordo, que, ao perceber que há indícios de seu fim, usa seus meios e poderes para tentar sobreviver.

A quarta e última parte da obra abre espaço para diversas interpretações. Isso é algo que me agrada nos filmes de Kubrick. Sua complexidade formal serve para que as interpretações possam ser múltiplas. E me desagradam os filmes com formula fechada e moral determinada. Talvez neste ponto haja certa semelhança com o atual "Árvore da Vida", tão debatido. (que eu, particularmente, não gosto)

E fala, para mim, do retorno às origens para a busca de sentido. O monolito está sempre ali, para lembrarmos de nossas limitações intelectuais e de compreensão do universo. De nós mesmos, na verdade. Buscar sentido, no final das contas, tampouco faz sentido. Mas há algo que não sabemos como nos dá a tranquilidade que nossa ignorância é sábia: o monolito.


Torrent: download aqu
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
A passagem, enfim.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Iluminado

Filme:O Iluminado
Título Original: The Shining
Diretor: Stanley Kubrick
Ator: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd
Ano:1980
País: EUA


"-Wendy! Wendy!", com as sobrancelhas levantadas e um olhar psicopata, Jack repete o nome da mulher.

Jack Nicholson foi um ator inacreditável. Foi, pois já há algum tempo não aparece fazendo algo que seja merecedor de atenção. E em Iluminado, é diabolicamente magistral.

Kubrick também, com sua perfeição. Passeou por todos os gêneros e foi perfeito, sempre. Na tensão e suspense deste filme, criou o famoso "steady cam", para as cenas em que acompanha o menino Danny, andando de triciclo pelo hotel vazio. Geralmente feita com trilhos, este travelling requisitou um novo aparelho, que permitisse estabilidade para o operador de câmera, mas sem a presença dos trilhos, já que o seguiam de costas, o que tornaria impossível escondê-los.

Sozinhos no enorme hotel e no inverno rigoroso, fantasmas do passado e o tédio começam a atormentar a vida dos personagens. Também conhecida como a síndrome da cabana. Jack tenta escrever, mas a única frase que sai de sua máquina é "all work and no fun makes Jack a dull boy".

A enorme angústia que o filme causa, combinada com sua cinematografia avançada, o coloca, muito provavelmente, como o melhor filme de terror da história, se pudermos incluí-lo no gênero.


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:
http://youtu.be/3t60oY0TbTU


--------------------
Próxima semana:
Do início e do fim.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Um Corpo Que Cai

Filme: Um corpo que cai
Título Original: Vertigo
Diretor: Alfred Hitchcock
Ator: James Stewart, Kim Novak
Ano:1958
País: EUA



Os filmes de Hitchcock, como eu vinha falando nos filmes anteriores, Janela Indiscreta e O Homem Que Sabia Demais, tendem a valorizar a forma, acima do roteiro. Sua forte presença de diretor prepara a trama para uma ideia que seja, que possa valer a produção do filme inteiro.

Já em Um Corpo Que Cai, mais do que forma, o roteiro é o que prevalece como principal atrativo. Novamente James Stewart, presente nos três filmes do diretor, se envolve em uma trama muito interessante, investigando um caso da mulher de um amigo. Sua principal fraqueza, o medo de altura, é o que dá a Hitchcock suas melhores cenas formais, nas quais a vertigem do personagem é passado por um efeito visual de troca de zooms, criando uma sensação vertiginosa.

Na entrevista que concedeu a Truffaut (obra maravilhosa essencial para acompanhar os filmes), Hitchcock se mostra um pouco insatisfeito com um furo do enredo, com a maravilhosa atriz Kim Novak e com o relativo fracasso da bilheteria.

Mas ambos concordam que a melhor sequência do filme está na obsessão de James Stewart ao tentar recriar sua amada. Ao encontrar Judy, muito semelhante a Madeleine, compra roupas iguais, sapatos iguais e a obriga a pintar os cabelos, a transformando em seu objeto de desejo.

Outro ponto interessante está nessa entrevista, que revela claramente a preocupação de Hitchcock em sempre abastecer seu espectador com o suspense. Judy e Madeleine são a mesma pessoa, o que é revelado no final do livro, no qual o filme foi baseado. Já no filme a revelação vem no meio da trama, pois ele gosta de revelar ao espectador informações que não dá aos personagens. Essa sensação, de saber mais que aqueles que vemos na tela, segundo Hitchcock, é o que nos motiva a nos perguntarmos: o que virá a seguir?


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:

--------------------
Próxima semana:
all work and no fun makes jack a dull boy

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Janela Indiscreta

Filme: Janela Indiscreta
Título Original: Rear Window
Diretor: Alfred Hitchcock
Ator: James Stewart, Grace Kelly
Ano:1954
País: EUA


Parece que existia nos contratos de Hitchcock uma cláusula que lhe condicionava a apenas dirigir um filme se pudesse ser genial em uma cena, em uma ideia ou em sua forma.

Antes de Janela Indiscreta, fez o Festim Diabólico, que não tem a mesma atração, mas traz uma forma inovadora: conta sua trama em um plano sequência, dentro de um apartamento. Não teve sucesso. Mas Hitchcock acreditava na forma. Encontrou a história ideal, teceu de personagens interessantes, construiu sua vizinhança perfeita e ficou ali, com apenas o ponto de vista de um apartamento, a contar uma história intrigante.

A forma em si é o que há de mais valioso aqui. Mas nos arredores da trama principal há algumas reflexões interessantes. Em primeiro lugar, o explícito voyeurismo. Há, no ser humano, um impulso quase incontrolável de observar a vida alheia. E mesmo que criemos cercas que nos privam do outro, há esta força que parece maior que nos coloca a comentar, fofocar e debater esta outra vida.

Há até uma reflexão ética sobre a invasão de privacidade, muito em voga hoje em dia, com as câmeras por todos os lados e raras vidas fora das imagens. James Stewart se questiona se seria ético descobrir um assassinato ao invadir a privacidade alheia. Depois constata, quase desistindo de sua investigação, que a vida individual não deve ser invadida, pois há, afinal, tanta singularidade e sofrimento nessas vidas.

Em um segundo plano, Hitchcock mostra uma solidão coletiva. Perfeito resumo imagético em um prédio, as vidas solitárias individuais se tornam ainda mais explícitas nessa visão maior. O solitário é mais só no meio da multidão.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
as alturas podem ser vertiginosas

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Homem que Sabia Demais

Filme:O Homem que Sabia Demais
Título Original: The Man Who Knew Too Much
Diretor: Alfred Hitchcock
Ator: James Stewart, Doris Day
Ano:1956
País: EUA


Entre os filmes que Hitchcock usou para me ensinar cinema, está este aqui. Um dos primeiros filmes que me encantou por sua forma cinematográfica.

A história gira em torno de uma trama internacional, na qual um casal quer recuperar seu filho de sequestradores. Envolvidos sem querer em um jogo de interesses maior, acabam descobrindo o planejamento de um atentado ao primeiro ministro.

A genialidade do filme consiste em duas cenas. Primeiro, a insistência da música "Que será, será", que nos é revelada como uma canção que representa aquela família. Quando os pais estão perto de acharem seu filho, em uma embaixada, Doris Day toca a música no piano. Seu filho, ouvindo, assobia o mais alto que consegue. E James Stewart sai atrás dele. Ele cria uma tensão com essa troca musical, que coloca o destino ao "deus dará".

Também utilizando a música, vem a cena obra prima (no youtube abaixo). O assassinato ocorrerá, muito bem planejado, em um concerto. O tiro deve sair na hora em que os pratos baterem, para que não se ouça nada. E os pratos demoram a bater. Esta utilização do tempo da música é simplesmente incrível. Diz Hitchcock que o suspense está em dar a informação ao espectador, sem dá-la aos personagens.

Mas é preferível assistir essa cena no contexto do filme, pois a sabedoria do mestre diretor é de dar as informações aos poucos e não assim, vomitado, como acabei de fazer. Mestre é mestre, não é? Vai fazer o que?


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:


--------------------
Próxima semana:
nada como observar o vizinho!

Agosto - Mestres Hitchicock e Kubrick

Agosto é um mês com cinco segundas feiras, o que me permite colocar os mestres juntos. Neste mês serão três filmes de Hitchcock e dois de Kubrick. Embora este última tenha mais dois espalhados pelo blog, Dr. Fantástico e mais um ainda por vir.

Por coincidência, Hitchcock está em alta. Houve uma mostra no CCBB de São Paulo com toda sua filmografia (que eu perdi, infelizmente). E ele tem algo especial, que o coloca em uma posição inigualável. Foi ele que me ensinou a gostar de cinema. E era um diretor comercial, de filmes que fizeram muito sucesso, mas de uma inteligência cinematográfica incrível. Só passou a ser considerado, no entanto, após famosa entrevista com Truffaut. Aliás, assistia seus filmes e lia, com meu pai, o trecho da entrevista relacionado ao filme. Uma ótima dica. Mas o mais interessante dele é que não era roteirista. Ora, eu sempre dou muito valor ao roteiro, mas o Hitchcock conseguia fazer, em qualquer de seus filmes, uma cena, pelo menos, genial. Com ele podemos ver realmente o trabalho da direção.

Já Kubrick não me traz a mesma simpatia. Um cara de poucos amigos, marrento, exigente, obsessivo. No entanto, que obras! Não tem como negar sua genialidade. Transitou de gêneros e foi perfeito em todos. Talvez sua perfeição é que me incomoda um pouco.

Mas aí está a semelhança entre esses mestres, a procura da perfeição. Não sobra nada, nunca. Hitchcock não filmava opções em seus filmes, para que o produtor não pudesse mudar o filme na montagem. Isso diz tudo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mony Python Em Busca do Cálice Sagrado

Filme: Monty Python em Busca do Cálice Sagrado
Título Original: Monty Python and the Holy Grail
Diretor: Terry Gilliam, Terry Jones
Atores: Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gilliam, Terry Jones, Michael Palin
Ano: 1975
País: EUA



Embora eu considere A Vida de Brian a obra prima do grupo Monty Python, Em Busca do Cálice Sagrado pode ser considero o filme mais memorável deles. Único na história do cinema, Monty Python conseguiu criar um forte grupo cômico que se tornou uma referência muito copiada, mas nunca alcançada.

Seu terceiro filme já não me agrada da mesma forma, O Sentido da Vida. Ele tem piadas desconexas e não consegue criar uma narrativa contínua. São piadas jogadas. Já a seqüência de piadas deste filme, menos conexas do que A Vida de Brian, encontra uma narrativa interessante.

Mais uma vez, é daquele tipo de filme que cada um tem sua piada favorita, desde os diálogos surreais até o coelho assassino.  A minha, que coloquei no youtube, abaixo, é uma que passa um pouco despercebida e que não é muito falada. Não a toa foi difícil de achar alguém que a tivesse postado.

Trata-se de uma piada de montagem. Dois guardas, na porta de um castelo, avistam a chegada de um cavaleiro ao longe. Vemos ele vindo, distante, com uma música de ação. Voltamos a tranqüilidade dos guardas. E quando revemos a chegada do cavaleiro, ele está no mesmo ponto anterior. Nesse jogo de plano e contra-plano, o cavaleiro não se aproxima nunca. De repente, inesperadamente, ele chega e invade o castelo, deixando os guardas sem reação. Genial.

Eles usam uma linguagem cinematográfica já muito explorada, que é a montagem paralela, e subvertem seu uso. No corte de um plano ao outro, temos sempre a sensação de que o cavaleiro distante é aquilo que enxergam os guardas. A sua chegada repentina mostra que, mais do que a real visão deles, foram enganados pela montagem paralela.

Talvez por serem britânicos, talvez por terem vivido uma época de humor absurdo, talvez porque viram as referência certas, no tempo certo, tenho a sensação de que as coincidências do acaso juntaram essas pessoas de uma forma como será muito raro que aconteça novamente. Infelizmente, creio que não verei outro Monty Python nesta vida.





Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:


--------------------
Próxima semana:
O que será, será.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...