segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Pagador de Promessas


Filme: O Pagador de Promessas
Título Original: Idem
Diretor: Anselmo Duarte
Atores: Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo Del Rey, Othon Bastos
Ano: 1963
País: Brasil


Depois de muitas referências dos filmes que coloquei até agora, vem esta obra prima brasileira, a única vencedora da Palma de Ouro em Cannes e que traz muitos dos elementos de outros filmes que falei aqui. A começar por seu estilo, realista, do sofrimento a última consequência e da perseverança de se conquistar seu objetivo. Mais parece um filme italiano, como Ladrões de Bicicleta e A Terra Treme.

Leonardo Villar faz Zé do Burro, que carrega uma cruz gigante para as escadarias de uma igreja, como promessa que fez. A escadaria é novamente um personagem importante, assim como em Encouraçado Potemkin. Com o objetivo simples de entrar dentro da igreja com sua cruz e com um obstáculo difícil de ultrapassar, que é o padre com seus pequenos poderes, o mundo acontece ali.

Pouco importa o motivo que levou Zé do Burro a fazer a promessa. O que interessa são as diversas atividades que ocorrem externas ao centro da trama. Ele é banido pelo padre, traído pela mulher que levou consigo, ora caçoado pelo povo, ora admirado e, mais adiante, encorajado. Sua atitude de simples obstinação e persistência o transforma em herói e modelo para os demais. Mas se trata apenas do ingênuo e frágil e simples Zé.

Todos querem tirar proveito do homem, tolo, todos querem ganhar alguma coisa, fazer um dinheiro, ganhar uma reportagem (cena exclente no youtube abaixo), roubar sua mulher, vender pastel. O Brasil tem muito disso, me lembra também aquela música do João Bosco, De Fente pro Crime (também coloquei a música no youtube abaixo).

No meio do rebuliço do cinema novo, O Pagador de Promessas saiu da linha do cinema real e alternativo brasileiro, sendo mais clássico. Mas foi perfeito em sua proposta. Com excelente atuação, fotografia, direção e enredo, me agrada muito mais que os filmes de Glauber e companhia (uma blasfêmia no meio cinematográfico cult). Mas calma, ainda há um filme do cinema novo que conseguiu entrar aqui e aparecerá mais para frente, por se tratar de uma obra prima: Macunaíma.






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Semana que vem:
Há muito sobre o que se pensar no deserto. E ao sair dele.

2 comentários:

  1. Não vi. Aliás, vi há décadas.

    Paris Texas semana que vem?

    Adorei os olhos de Uma Thurman. Você deveria ir colocando as fotos no blog conforme vai mudando...

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