segunda-feira, 28 de março de 2011

Trem da Vida

Filme: Trem da Vida
Título Original: Train de Vie
Diretor: Radu Mihaileanu
Atores: Lionel Abelanski, Rufus, Clement Harari, Agathe de La Fontaine
Ano: 1998
País: França, Romênia




Com certo rancor de ter sido copiado por Roberto Benigni, em A Vida é Bela, Radu Mihaileanu traz esta belíssima fábula de bom humor sobre a dura época do nazismo. No entanto, apesar do menor sucesso e repercussão, faz uma obra muito mais interessante e divertida.

Um louco chega a sua vila com a notícia de que os nazistas estão chegando. A pequena vila de judeus, sem saber o que fazer, têm a ideia de criar um trem, no qual fugiriam, tendo inclusive de escolher um capitão que pudesse ser o alemão, papel que ninguém quer. 

Os personagens caricatos trazem um lado muito bom da cultura judaica, de ótimo espírito e piadas excelentes. O enredo é forte e consegue caminhar muito bem entre a dureza da perseguição sofrida pelos judeus e a leveza de como esta vila consegue executar seu plano fantasioso. 

Entre a crise do judeu transvestido de alemão, das rebeliões comunistas que surgem nos vagões e das viagens do louco, somos muito bem conduzidos. A cena que escolhi para o youtube reflete bem este espírito do filme. É um duelo musical entre ciganos e judeus, a alegria da união de culturas e a beleza da troca de carinho que os povos podem ter, se o quiserem. 

Ótimo humor para se sair leve do cinema, mas não abandonar o filme ali. Para trazê-lo em sua alma e refleti-lo em sua vida, ora como a sabedoria desta vida leve, ora como o aprendizado dos tempos duros.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Acaso. Ou não?

terça-feira, 22 de março de 2011

Receba as novas postagens por email!

Diálogo recorrente:
- E aí mano, firme?
- Firme.
- Bele. E aquele seu blog? Faz tempo que não colo lá...
- Vai indo.
- Pô, véio, cê precisa divulgar a parada!
- Ai que preguiça...

seus problemas acabaram!
1. você coloca seu email aí do lado, na direita, e recebe as novas postagens em seu email.
2. eu não preciso divulgar tanto essa bagaça.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Um Estranho no Ninho

Filme: Um Estranho no Ninho
Título Original: One Flew Over the Cuckoo's Nest
Diretor: Milos Forman
Atores: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Brad Dourif, Christopher Loyd
Ano: 1975
País: EUA




Ninguém costuma dar muito valor ao diretor Milos Forman e seus filmes. Primeiro porque não coloca sua marca nos filmes com evidência. Depois, porque sua dramaturgia segue uma linha mais clássica, sem grandes inovações de linguagem. No entanto, por ter dirigido este filme aqui, O Mundo de Andy e Amadeus, percebemos que dentro desta dramaturgia clássica, ele é brilhante.

Um Estranho no Ninho é clássico. Chega em um hospício um louco, Jack Nicholson, que não é tão louco assim. Como o próprio título em português já explicita, trata-se da fórmula do estrangeiro. Esta é clássica e funciona muito bem. Sempre que vem alguém de fora e observa aquele ambiente já estabilizado há grande potencial de mudança e conflitos. Nada de tão especial até aqui, com exceção do gênio Jack Nicholson, que vivia nesta época uma fase brilhante.

Este é o grande mérito de Milos Forman. Cada cena, dentro desta lógica mais comum, se torna algo especial. Os personagens do hospício, o comando rígido da enfermeira e o anseio aflitivo do personagem de Jack Nicholson são os fatores necessários para que esse trabalho se aprofunde. Em uma entrevista que assisti do diretor, ele diz que foi criticado por ser um estrangeiro fazendo um trabalho em cima de uma história muito americana, mas que, para ele, o comunismo que viveu no leste europeu era uma Grande Enfermeira.

Há uma seqüência, em especial, que gosto muito. Em uma das reuniões de grupo que fazem, Jack Nicholson propõe que liguem a TV para assistir a um jogo de baseball. A enfermeira, que não gosta de mudanças, diz que as coisas são decididas democraticamente ali. Há uma votação. Todos votam a favor da mudança mas, segundo ela, são apenas nove ali na reunião, enquanto há 18 internos no hospício. Os outros são, no entanto, incomunicáveis e a TV não é ligada. Segue então a cena que eu peguei no youtube, Jack Nicholson começa a narrar o jogo, inventando as ações e empolgando seus companheiros. 

E cada seqüência que vem é melhor do que a anterior. Uma colagem perfeita de belíssimas cenas simples que dizem muito. E aqui entro em crise com o roteiro que escrevo. Aliás, cada bom filme que vejo me dá a angústia de não ser competente e o desejo de melhorar. Gosto muito da simplicidade e sutilezas do cinema. Tenho comigo, no entanto, muitas histórias e pouca sensibilidade. Por enquanto.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:



--------------------
Próxima semana:
Um louco no trem.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Macunaíma

Filme: Macunaíma
Título Original: Idem
Diretor: Joaquim Pedro de Andrade
Atores: Grande Otelo, Paulo José, Jardel Filho, Dina Staf, Milton Golçalves
Ano: 1969
País: Brasil


Ai que preguiça...

Costumo dizer que o teatro tem mais liberdade que o cinema. Ali pode tudo, um pedaço de madeira pode ser uma espada, um foguete ou um elefante. Nem todo o teatro, claro, mas há mais liberdade nesse sentido. Uns vão lembrar de Dogville. Mas, no cinema, isso é exceção. É necessário que o filme tenha a capacidade de se auto permitir uma loucura deste jeito. 

E é o que faz Macunaíma. Logo de cara, ao nascer, já mostra a que veio. (cena do youtube) Paulo José e Grande Otelo são gênios, loucos e livres. Fazem o que querem aqui, mais ou menos como o futebol do Ganso. Ora o herói, ora a mãe, ora o filho.

Admito que nunca fui um grande fá do livro de Mario de Andrade. Ver este filme foi, portanto, uma espécie de redenção. Pois compreendi este herói sem caráter, tão marcante na alma do povo brasileiro. Grande Otelo e Paulo José dividem papéis e trocam algumas vezes de função. Como Macunaíma, são brilhantes. Enquanto o livro não me atraia, o filme se mostrou cômico, lunático, mas sem perder o fio da meada. Claro que ele merece uma releitura mais atual, pois não li novamente desde ver o filme.

É difícil falar de obras tão marcantes e fundamentais. Mais fácil encher de críticas uma baboseira americana. Gostou, coração?




Torrent: download aqui




Cena do youtube:



---------------------
Próxima semana:
Loucos de hospício.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Down by Law

Filme: Daunbailó
Título Original: Down by Law
Diretor: Jim Jarsmusch
Atores: Tom Waits, John Lurie, Roberto Benigni
Ano: 1986
País: EUA



Terceiro e último filme (desta lista), dirigido por Jim Jarmusch.

Ele é um diretor que impregna seus filmes de um espírito diferenciado. Um ritmo lento, mas que não é chato como Pasolini. Enquadramentos incomuns, observadores. Nada frenético. Tudo ao seu tempo. Creio que o respeito que ele tem pelo tempo é o que o caracteriza mais fortemente. E é também o que mais me atrai em seus filmes.

Aqui, três homens são presos. O italiano (sempre tem um estrangeiro) faz o papel cômico, na melhor atuação de Benigni. O papel do estrangeiro é importante para Jarmusch, pois ele é sempre o agente de mudança. Em geral, o painel tedioso antecede sua chegada. E é assim que os outros dois personagens do trio trocam o tédio de suas vidas pelo tédio da prisão. Sem muita paciência, apenas entram na divertida loucura de Benigni na cena memorável do "I scream, you scream, we all scream for ice cream" (cena do youtube). Fogem. A fuga é lenta, longa, repetitiva.

Completos os objetivos, se separam. Nenhuma mudança drástica em suas essências de vida, com exceção do italiano, que buscava a mudança e já estava em seu processo de adaptação. Assim são os filmes de Jarmusch, acontecem sem acontecer, contam uma não história, observam e, sabe-se lá porque, são um tesão inexplicável.

Detalhe para a piração oitentista do tradutor do título. Daunbailó. Mais parece um filme de Guimarães Rosa.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui



Cena do youtube:




--------------------
Próxima semana:
O louco gênio tupiniquim.

terça-feira, 1 de março de 2011

Março - Gênios e Loucos

Já estamos em março. Completamos, portanto, 1 ano deste bar empoeirado.

Separei para este mês alguns filmes que tem personagens especiais. Meio gênios, meio loucos.

É aquela espécie de loucos que falam com sabedoria. Sejam indígenas ou italianos, são todos um pouco heróis sem carater.

Interessante notar que, por trás destes filmes há sempre um ótimo humor, uma leveza, uma criatividade. Outro ponto comum é a prisão que vivem, e talvez seja justamente o ponto de fuga destes personagens.

I scream, you scream we all scream for ice cream!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...