segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Corra, Lola, Corra

Filme: Corra, Lola, Corra
Título Original: Lola Rennt
Diretor: Tom Tykwer
Atores: Franka Potente, Moritz Bleibtreu
Ano: 1998
País: Alemanha







Na semana passada eu escrevi sobre De Volta Para o Futuro I. Hoje, último post de janeiro, Corra, Lola, Corra tem tudo a ver com a temática tratada na semana passada, sobre o tempo. No entanto, este filme alemão nada tem de científico, máquinas birutas ou coisas do gênero. Trata simplesmente de linguagem cinematográfica. 

A trama é simples: Lola tem vinte minutos para arranjar uma grana para o namorado. Em três possibilidades diferentes de enredo, há muito conteúdo e uma narrativa de alto nível. O filme marcou época e se tornou um grande sucesso. Em primeiro lugar por sua velocidade narrativa, muitos cortes rápidos, o que muitos chamaram de linguagem de videoclipe. Mas também pela variedade de formas usadas. Uma animação substitui a seqüência de Lola descendo as escadas e fotos são usadas para contar rapidamente os eventuais futuros daqueles que passam pelo caminho de Lola.

Conceitualmente, usando a teoria do caos e o efeito borboleta, tema que abordei no filme passado, penso que apenas dois filmes conseguem ser perfeitos naquilo que estão propondo, que é este aqui que tratamos agora e o Smoking No Smoking, também na lista será falado mais para frente. Por que? Bom, sou um grande entusiasta da ideia de que os mínimos detalhes altaram profundamente o todo. Assim como um bater de asas de uma borboleta pode gerar um tufão, um atravessar de rua mais lento pode, muito indiretamente, gerar a morte de alguém. E salva a vida de outros. Estamos ligados de tal forma a uma rede muito mais complexa que a internet, que se torna quase impossível termos a consciência deste forte efeito que temos. Mas quem disse que devemos ter essa consciência?

Para exemplificar melhor minha teoria (que não é minha, claro) e chegar a uma conclusão (que com certeza não é a melhor). Pensemos em uma morte, que é um evento marcante, fatídico e de grande causa e efeito. Assim como pensa o personagem de O Quarto do Filho, sobre a morte de seu filho, em tudo aquilo que poderia ter feito para que ela fosse evitada. Ele pensa apenas naquilo que estava a seu alcance, ter insistido para o filho o acompanhar em uma corrida e coisas do gênero, mas a variedade de circunstâncias que coloca tal pessoa em tal lugar beira o infinito. Tal resultado, uma morte, gera uma onda de consequências muito mais drásticas. Assim, vivemos um eterno alterar de nossos futuros. Ou, para os mais preguiçosos, um eterno caminhar de nossos destinos. Se eu parar de escrever aqui, nesta linha, talvez eu evite uma guerra do futuro. Ou talvez ela será evitada se eu continuar até o fim. Não saberemos. E a impotência de não saber é o que mais nos incomoda.

Bom, as fotos que revelam os futuros dos personagens por quem Lola passa correndo, tendo cada um deles diferentes possibilidades de alegrias ou tristezas, afetados simplesmente pelas decisões de Lola de como agir diante da necessidade de ajudar seu namorado, é que fazem deste filme um tesão. Para mim, é claro.




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Próxima semana:
Só imbecil lê este blog!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De Volta para o Futuro I

Filme: De Volta para o Futuro
Título Original: Back to the Future I
Diretor: Robert Zemeckis
Atores: Michael J. Fox, Christopher Loyd, Lea Thompson
Ano: 1985
País: EUA



Se eu fosse descrever um filme com o adjetivo "legal" seria De Volta para o Futuro. Muito legal! Um roteiro genial e a dupla de personagens principais, Marty e o cientista, fantástica.

Sempre tenho grande interesse em filmes que tratam de viagens no tempo. No entanto, costumo questionar as lógicas físicas e consequências históricas das ações de interferência do passado. Não creio que este filme sacie meus anseios quânticos, mas ele se coloca em uma posição de liberdade que não requer questionamentos. O tema é tratado de forma mais caricata e menos realista.

O tempo é sempre bom pano para manga. Um homem fora de seu tempo permite ótimas piadas e reflexões. E há outras possibilidades, como um homem preso ao tempo, um tempo que pára, uma ilha que se move no tempo, um relógio que brinca com o tempo, e diversas possibilidades de utilização do tempo. 

O roteiro é clássico em sua estrutura geral, no entanto é brilhante nos detalhes. Permite ótimas piadas e dá espaço para que o Chritopher Loyd e o Michael J. Fox brilhem. Os clichês americanos em uma estética dos anos 80, visto hoje em dia, ainda dão uma graça a mais. Mas vale lembrar a visão antecipatória, na cena final do filme, em que o Dr. Brown volta do futuro e abastece sua máquina com lixo, muito em voga hoje em dia. (só exagera na máquina voadora que custamos a conseguir criar)

Mas há quem possa interpretar esses clichês americanos com maus olhos ou, pior, mal interpretá-los. Há uma moral do herói americano que serve apenas de teia para os caprichos do filme. A mesma que Campbell fala em O Poder do Mito e a mesma que Spielberg, Gerge Lucas e cia sempre usam. Tendo a ignorá-la para melhor aproveitar a genialidade do filme.



Torrent: download aqui 
(neste link é possível baixar a trilogia completa)
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Próxima semana:
Corra (...), corra

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Yellow Submarine

Filme: Yellow Submarine
Título Original: Idem
Diretor: George Dunning 
Ano: 1968
País: Inglaterra

animação dos Beatles



Yellow Submarine, junto com Pantera Cor de Rosa e uma animação que eu não lembro o nome e ninguém nunca assistiu - talvez seja parte da minha imaginação - são filmes da minha infância. Mas esta animação dos Beatles tem muitos méritos que vão além de qualquer filme infantil que se possa pensar.

Em primeiro lugar, as músicas, claro. Na época eu só não gostava de uma, até pelo psicodelismo um pouco mais dark da cena que a acompanha no filme. Continuo sem gostar. É a Only a Nothern Song, do George Harrison. De resto, é a perfeita sintonia entre as fortes cores e as músicas animadas. Em especial All Together Now, que sempre me empolgou e percebo que ainda empolga as crianças hoje.

Mas a melhor combinação acontece em Nowhere Man, quando os Beatles encontram este sujeito perdido na tela branca.(cena do youtube) Um homem de lugar nenhum, sem nenhum plano ou ponto de vista. Ele não é um pouco como você e eu?

Quando critico desenhos da Pixar ou da Disney, não são críticas ao roteiro, que geralmente é perfeito, mas a um novo patamar realista que essas animações modernas estabeleceram. Difícil encontrar criatividade nas formas dos personagens como há em Yellow Submarine, com suas luvas, homens com maçãs na cabeça e aquela mistura de animação, fotos e stop motion. Exceção aos filmes que já coloquei aqui: A Viagem de Chihiro e Bicicletas de Belleville. Talvez possa colocar também o Bob Esponja. Enquanto no mundo animado da Pixar, 3D e tudo o mais, o mérito é se aproximar, cada vez mais, do mundo real, com as liberdades que a animação ainda permite.

E há, além de tudo, uma narrativa muito interessante em Yellow Submarine. Eu já critiquei também os "filmes muito coloridos", de histórias muito alegres e que combatem a tristeza. Critiquei apenas porque me incomodam. Mas Yellow Submarine é justamente tudo que eu critico, só que foda. É a luta dos Beatles contra a tristeza trazida pelos homens azuis. Afinal de contas, nesse ponto eu devo concordar, tudo que precisamos é de amor, não é mesmo?




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Próxima semana:
A recorrente temática da viagem no tempo.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Viagem de Chihiro

Filme: A Viagem de Chihiro
Título Original: Sen to Chihiro no kamikakushi
Diretor: Hayao Miyazaki 
Ano: 2001
País: Japão

animação



Admito que sempre tive problemas com essa cultura japonesa que vem se tornando cada vez mais forte por aqui. Ao menos em São Paulo. Quadrinhos, anime, feiras de cos play, turma da mônica versão mangá e coisas do gênero nunca me animaram. Nunca gostei de cavaleiros do zodíaco, muito menos de Pikachu. Mas esse tal de Hayao Miyazaki é muito foda. Só vi A Viagem de Chihiro e Castelo Animado, ambos dirigidos por ele. Foi suficiente.

Embora eu ache o Castelo Animado mais bonito, é em A Viagem de Chihiro que ele faz uma obra prima. Sou apaixonado pela construção dos personagens, por seus pequenos detalhes e fértil imaginação. O filme começa bem realista: um casal está se mudando para uma nova cidade com a filha, que não está gostando da viagem. Mas uma mudança no caminho faz com que caiam em uma antiga ruína, onde Chihiro começa sua jornada sozinha. Trata-se, na verdade, de um castelo-spa, no qual a bruxa e seus funcionários recebem espíritos que precisam de um relaxamento. Tomam banho, recebem massagem e saem mais descansados.

Para sair de lá, Chihiro passa pelo clássico processo do herói. Passa de uma garota covarde há uma menina cheia de força de vontade e espírito batalhador. Conhece ali uma espécie de par romântico e em nome deste amor vende batalhas e obstáculos. Mas, de fato, nada disso tem importância diante dos pequenos detalhes do filme, dos pequenos personagens e seus trejeitos, suas profundidades e complexidades. 

Há aqui diversidade para todos os gostos. Eu tenho especial interesse em um espírito sem face, que não quer agradar ninguém que não seja Chihiro. Ataca a todos, come alguns e gera o pânico entre os funcionários do castelo-spa, e é Chihiro que o leva para fora e acompanha o espírito em uma viagem de trem que parece interminável. No fim o espírito encontra um lugar para ficar, mas o que realmente me agrada é a ausência de uma necessidade neurótica de explicações. Não sabemos por que veio, o que queria, quem era de fato, para onde vai. E não saberemos porque pouco importa. Isto pode parecer pequeno, mas não é. Revela uma angústia de perguntas e respostas que certos filmes e sociedades alimentam, e revela a inutilidade dessas perguntas e respostas na função de promover uma reflexão.




Torrent: download aqui
(já vem com o arquivo de legenda) 



Cena do youtube:




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Próxima semana:
All you need is love, pan pa ran pan pan.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Janeiro - Férias

Mês de sol e praia. Crianças correndo por aí e só filme ruim no cinema. Em geral é a época que são lançados filmes da Xuxa e do Didi, animações da disney e as férias frustradas de sei lá quem e coisas do gênero. Mas há vida inteligente no mundo infantil (que na verdade nem é tão infantil).

Animações diferenciadas, francesas, japonesas, comédias que fazem rir com o tal do humor inteligente. Onde levar as crianças? Que filme que elas vão gostar e que ainda irão acrescentar algo a elas? E se não tiver crianças, que filmes infantis são suportáveis para assistir? Aqui nesta espelunca tratarei de quatro deles.

Fora isso, vale comemorar a passagem de ano e a sobrevivência deste espaço. Já esbocei os planos do blog para este ano e ele deve encerrar suas atividades dentro de um ano, no fim de janeiro de 2012.

Há novidades aqui também, para pesquisar os filmes, aí a direita, vocês podem clicar nesses novos botões que os levarão a uma separação por continentes e por décadas.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As Bicicletas de Belleville

Filme: As Bicicletas de Belleville
Título Original: Les Tripettes de Belleville
Diretor: Sylvain Chomet
Ano: 2003
País: França

animação



Não sei porque tenho tanto apreço pelo mundo azul.

E Bicicletas de Belleville é um desses enaltecedores dessa alma romântica, sofredora, de pneumonias e cirroses. Exagero. É apenas um filme triste.

Mas de perfeita consciência de seus momentos cômicos, construção de personagens caricatos (embora mais próximos da realidade) e excelente timing cinematográfico. Que quero dizer com isso? 

Quase sem diálogos, o filme consegue dramatizar uma história simples e bela, sobre um rapaz que não encontrava em nada algo que o animasse a celebrar a vida. Esperava o tempo passar, assim como o trem que com a modernidade chegou a sua janela. A avó, preocupada, lhe deu um piano, que não o entreteu. Lhe deu um cachorro, que logo se entediou junto com o menino. Foi a bicicleta que trouxe algum sentido a vida do menino. 

O desenho dos personagens e sua elaboração parecem uma pintura que foi sendo lapidada com o tempo, pois chega a uma apuração de traços incrível. Merecem destaque a avó, baixinha e persistente; os músculos do rapaz; os capangas guarda-costas, que são praticamente dois quadrados; o trio de cantoras; as mulheres gordas americanas e seus maridos ricos; e em especial o excelente garçom, se dobrando aos clientes com devoção. Em resumo, tudo constrói a obra-prima.

Coloco esse filme aqui, no mês de férias, como se fosse uma diversão infantil. E creio realmente que pode ser. O tipo de obra para se ver aos dez anos, aos dezesseis, aos vinte e dois, aos trinta, aos quarenta e cinco, cinquenta, sessenta, setenta, oitenta e, por que não, aos cento e tantos?



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Cena do youtube:


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Próxima semana:
Animações japonesas para encantar a alma.
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