segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ladrões de Bicicleta


Filme: Ladrões de Bicicleta
Título Original: Ladri di Biciclette
Diretor: Vittorio De Sica
Atores: Lamberto Maggiorani e Enzo Staiola
Ano: 1948
País: Itália



O princípio é simples: até que ponto o homem aguenta viver na pobreza? Sob influência de diversos movimentos políticos e sociais e da combinação desses temas com a arte (considerando que o filme é do mesmo ano de A Terra Treme), o neorealismo italiano estava fortemente marcado pelas dificuldades e sofrimento encontrados na pobreza e os conflitos gerados por esses sofrimentos. Aqui, acrescenta-se ainda a relação de pai e filho, sempre muito marcante e emocionante.

Vemos a honra do pai em questão e o maior conflito que o aflige é se deve sofrer com a vergonha de não poder dar nada a seu filho ou correr o risco de ser pego como ladrão, para mostrar a ele que ao menos alguma coisa ele consegue, que sua pobreza não é tão vergonhosa.

De chutar o estômago da alma, este filme não é recomendável para qualquer dia, mas imprescindível para todos os outros. Ou seja, somos pessoas diferentes, nós que temos dentro de nós a vivência que nos proporciona o filme.

Na cena do youtube que eu escolhi, coloquei um momento de alegria (ao menos para quem o vê à parte do todo, pois no conjunto percebemos tratar-se de uma alegria sofrida). Mas é sem dúvida a angustiante seqüência do roubo da bicicleta que fica marcada como uma cena para a memória.

Filmado há mais de sessenta anos atrás, o que realmente me dá amargura e desespero é ver como o cinema é incompetente como arma de mudanças estruturais da sociedade, pois as cenas continuam muito comuns, não sei se naquele mesmo espaço, mas em muitos outros.

Apesar de datado, o registro cinematográfico torna o conflito eterno e insolúvel. Aquele pai estará sempre no mesmo momento de desespero e confusão, da mesma forma pobre, da mesma forma sem alternativas. E assim foi quando o filme pela primeira vez foi exibido, quando eu o assisti pela primeira vez, nos meados dos anos 90 e continua sendo e sempre será. Muda apenas a relação daqueles que o vêem e de sua respectiva situação social e cultural.

Creio ser comum ter pensamentos como os que eu tive, de indignação sobre a condição humana, em um primeiro momento, de visualização de um mundo melhor e possível e, infelizmente, de uma incapacidade de mudar uma vírgula. No máximo o poder de substituir um ponto final por uma vírgula, quem sabe,



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui





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Semana que vem:
Com todas essas referências, sofrimentos e escadas, é hora do Brasil carregar sua cruz.

4 comentários:

  1. Vi Ladrões de Bicicleta muito antes de ser pai e me lembro de não ter gostado.
    Talvez seja interessante ver de novo.
    :-)

    Voce vai atacar de Pagador de Promessas na semana que vem?
    Tô fora.

    PS: Finalmente vi Ponto de Mutação (Mindwalk).
    Confesso que, sem saber porque, eu tinha uma sensação de que não iria gostar deste filme.
    Mas não foi assim, gostei.
    Gostaria de ter participado daquela conversa.
    Um amigo havia emprestado o DVD e eu resolvi "pagar para ver".
    Foi no sábado passado pela manhã, chovia, e o clima de uma manhã chuvosa de sábado em casa combinou perfeitamente com um Mont Saint Michel no frio.
    A zebra foi que o DVD engripou no final, na hora em que os tres saem da praia e o Ex Candidato a Presidente pergunta para a Ex Cientista se ela toparia trabalhar com ele...acho que ela não iria, mas....

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  2. Na mosca. Não se pode agradar a todos, não é?


    Mindwalk é incrível, não?
    Com certeza terá um espaço reservado aqui neste blog, mais pra frente. No entanto não posso deixar de apresentá-lo este ano ainda, de eleições, de refletir sobre o mundo e suas interconexões.

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  3. Este filme me marcou muito. Pela abordagem sensivel, pelo humanismo presente, pela premissa.

    A direção de Vittorio De Sica é extremamente emocional!

    Ótimo você trazer por aqui belos filmes em ótimos textos de reflexão, Victor.

    Abraço

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  4. Eis um dos mais belos filmes da história do cinema. E eis a cena mais linda que já em minha vida. Mais linda e mais triste.
    E como é triste...

    Bom, um retrato perfeito da Itália decadente dos anos 50. Grande De Sicca.

    E ótimo texto Victor. Pegou exatamente a essência do filme.

    Vejam! Vejam! Vejam!
    Mas não em qualquer dia.

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