domingo, 22 de abril de 2012

Estatísticas - Países

Por mais que eu critique a cultura americana, impossível negar sua influência. Sempre muito presente, também trouxeram muitos filmes importantes para mim e minha lista. Com certeza tem o maior número de filmes inúteis da minha vida, mas também são mais presentes entre os mais importantes. Mas quando colocamos em continentes, a Europa quase iguala essa importância.

Nesta lista não tem nenhum filme africano e nenhum da oceania. Meu mundo cinematográfico ignora essas cinematografias. Em grandes continentes, fica dividido assim:

Continentes:

América do Norte: 43
Europa: 40
América do Sul: 12
Ásia: 6


Países (considerar que alguns filmes tem mais de um país produtor):

EUA: 44
França: 14
Itália: 12
Brasil: 11
Alemanha e Inglaterra: 5 cada
Russia: 4
Espanha: 3
Japão, Irã e Dinamarca: 2 cada
Argentina, Canadá, Cazaquistão, China, Grécia, México, Romênia, Polônia e Suécia: 1 cada


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Estatísticas - Décadas

Interessante analisar os meus 100 melhores filmes pelas décadas em que foram feitos.
Sou de 1984, o que influencia bastante essa lista. E interessante como renego esta minha década.
Mais de 50% da lista foi lançada enquanto eu estava vivo, ou seja, filmes de minha época, por assim dizer.

Por décadas:

1920: 4 filmes
1930: 1 filme (Limite, do Mario Peixoto)
1940: 4 filmes
1950: 6 filmes
1960: 13 filmes
1970: 12 filmes
1980: 7 filmes
1990: 24 filmes
2000: 29 filmes
2010: 1 filme (picaretagem fora da lista, pois aqui está o meu curta)


Principais anos:

6 filmes: 1999, 2001, 2002
5 filmes: 19982003
4 filmes: 1975
3 filmes: 1968, 1990, 1995, 2004, 2005



quarta-feira, 11 de abril de 2012

Prediletos 4

Para finalizar a série dos filmes prediletos deste blog, coloco aqui dois mestres que aparecem três vezes no blog: Fellini e Kubrick.

















Federido Fellini

Fica claro que tenho certa preferência dentro da obra de Fellini. Os três filmes aqui presentes são 8 e 1/2, Estrada da Vida e Ensaio de Orquestra. Admito que, nos primeiros filmes que vi dele fiquei um pouco decepcionado, como foi o caso de Doce Vida, Roma e Amarcord. Mas fui aos poucos sendo tomado por seu jeito eclético, exótico, exagerado e maravilhoso. Quando vi 8 e 1/2 compreendi muito do cinema. Ainda me faltam alguns filmes dele, que quero bastante assistir e ainda não calhou de nos encontrarmos, como La Nave Va.





















Stanley Kubrick

O Kubrick também é um cara inquestionável. Embora Laranja Mecânica tenha ficado ali no meu limbo, na dúvida se entrava ou não e acabou caindo fora, sua filmografia é almejada por qualquer cineasta. Curta e perfeita. A minha relação com 2001 é semelhante com a do Woody Allen, que diz ter compreendido cada vez mais a beleza do filme, conforme assistia várias vezes. E é uma verdadeira obra de Kubrick. Já Iluminado e Dr. Fantástico são mais conjuntas, com a imensa colaboração de Jack Nicholson e Peter Sellers, respectivamente.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Prediletos 3

Bom, vou colocar aqui todos que receberam 3 referências e ainda faltavam na lista dos prediletos.












Claudia Cardinale

A maioria deles estão aqui com consciência. Apenas a Claudia Cardinale apareceu como uma surpresa para mim. Não sabia que três filmes com ela foram tão importantes para mim. E ela é maravilhosa. Achei que talvez a Anna Karina fosse aparecer, mas acabei colocando só Uma Mulher é Uma Mulher, o primeiro filme do blog. A Claudia Cardinale está em grande evidência em Era Uma Vez no Oeste e aparece ainda na obra prima de Fellini, 8 1/2 (com o gênio Marcello Mastroianni) e em Visconti: Rocco e Seus Irmãos (com o bonitinho Alain Dellon).













Jim Carrey

Uma polêmica é a presença do caricato Jim Carrey. Acho ele um ator extraordinário, que teve uma carreira um tanto quanto mal aproveitada. Mas esses três filmes já o fazem merecer esse status: Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, Show de Truman e O Mundo de Andy (sua melhor atuação).








Jack Nicholson

Já o Jack Nicholson é quase uma unanimidade. E ele é os filmes que este blog comenta: Passageiro Profissão Repórter, do Antonioni; Um Estranho no Ninho, do Milos Forman e O Iluminado, do Kubrick. Monstruoso ator.












Irmãos Coen

Também aparecem alguns diretores que eu gosto muito. E que vi quase todos os filmes que fizeram, como é o caso dos Irmãos Coen. Adoro quase todos os seus filmes, mas são mais marcantes para mim: Barton Fink, E Aí Meu Irmão Cadê Você? e O Homem que Não Estava Lá. Vale uma lembrança do recente Um Homem Sério, que é o que eu mais gostei da série recente.













Jim Jarmusch

Outro que assisti tudo é o Jim Jarmusch. Adoro tudo que ele faz. Mas são obras primas, de um ótimo espírito: Dead Man, Down by Law e Stranger Than Paradise (curioso não terem traduções dos títulos).













João Moreira Salles

Um pouco fora de contexto nesta lista está o gênio João Moreira Salles, documentarista brasileiro. Também tenho grande afinidade com seu estilo e com seu mestre, Eduardo Coutinho. Os documentários que aqui estão: Nelson Freire, Entreatos e Santiago.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Prediletos 2

Continuando minha análise do blog, ia considerar aqui duas parcerias: Alfred Hitchcock - James Stewart e Woody Allen - Diane Keaton.










Todos aparecem três vezes no blog. Pensei, a princípio, que eram os mesmos filmes das parcerias, mas fui surpreendido, já que dois dos filmes da Diane Keaton são, novamente, a sequência Poderoso Chefão. Apenas 1 - Annie Hall - é com o Woody Allen. Se eu tivesse escolhido outros com os dois teríamos uma vencedora isolada de referências, mas preferi Desconstruindo Harry e Zelig, que ela não participa.













Já os filmes da dupla Hitchcock Stewart são, evidentemente, os mesmos. Janela Indiscreta, Vertigo e O Homem Que Sabia Demais. Meus prediletos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Estatísticas - Prediletos


Vou fazer uma série de posts, aos poucos, analisando as estatísticas finais do blog. Hoje verei os atores e diretores com 3 ou mais referências neste blog. Alguns já planejados, outros inesperados.

Aproveito também para recomendar o excelente filme A Separação, filme iraniano em cartaz nos cinemas brasileiros.




Grande ator, que está aqui por conta de três obras primas: os dois primeiros filmes do Poderoso Chefão e Um Dia de Cão. Naturalmente, tenho preferência por suas atuações dos anos 70. Depois foi ficando mais caricato e nem mesmo Perfume de Mulher justificaria a entrada do filme aqui. Já os que o trazem a este blog são filmes que ele carrega de tal maneira (com exceção do primeiro Godfather), que seria justo dizer que ele é o filme. 



Também aqui por conta do Poderoso Chefão, tendo feito também a obra prima Apocalypse Now, temos que esquecer as bobagens em que Coppola se mete. Permite que seu nome seja sujo por vários projetos que visam o lucro, simplesmente. Ou que visem alguma coisa que não compreendo. Mas, mesmo se fizer o pior filme da história, ainda assim não poderá apagar a marca que já deixou. Tendo feito essas três perfeições cinematográficas, pode dormir em paz.



O ator Harvey Keitel é da mesma turma e época do Al Pacino e Coppola, mas demorou mais tempo para se firmar e fazer algumas obras primas. Ao contrário dos dois, foi se firmando com o tempo. Cortina de Fumaça, de 95, é seu retrato mais justo. Os outros filmes que o colocam aqui foram papéis secundários, que nunca se importou em fazer, tanto em Pulp Fiction como em Taxi Driver. É um desses atores que os diretores adoram e o coloca em qualquer projeto, em especial o Scorsese, Tarantino e os irmãos Coen. Mas é mais difícil achar bobagens de interesse financeiro em sua carreira.


por hoje é só, pessoal.
depois continuo a lista.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dodeskaden


Filme: Dodeskaden
Título Original: Dô desu ka den
Diretores: Akira Kurosawa
Atores: Yoshitaka Zushi, Kin Sugai, Toshiyuki Tonomura
Ano: 1970
País: Japão


Dodeskaden é um recorte do mundo feito por Kurosawa. Nas pequenas coisas vemos o universo. E um pequeno grupo de pessoas, em uma pequena comunidade, como uma aldeia indígena, ou a vila do Chaves, está o mundo inteiro.

Os personagens de Dodeskaden não saem do pequeno cenário desenhado para eles, ora realista, ora lúdico. São todos humildes, bebem muito sake e têm suas manias e loucuras.

Dois dos loucos chamam a atenção. Um deles percorre o filme todo andando como se fosse o maquinista de um trem, repetindo a palavra "dodeskaden". O outro, que vive dentro de um carro com seu filho, vive imaginando sua casa ideal, em uma montanha.

Um filme digno para terminar este blog com muita categoria. Ele carrega uma leveza que se torna descompassada em alguns momentos. Há temas muito pesados e tristes, mas o clima do filme é sempre de bom humor. Uma clara consciência de cores nos liberta dos temas mais densos. E os personagens, mais caricatos, passam pelas dificuldades sem grandes pesares.

Aqui termina este blog, com lições de vida orientais. Com um enorme caminho a trilhar que, embora triste, pobre e injusto, pode ter belezas para encontrarmos sem querer nas pequenas coisas. À leveza e à simplicidade. Amém.


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Próxima semana:
Não tem próxima semana.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Filho


Filme: O Filho
Título Original: Le Fils
Diretores: Jean-Pierre e Luc Dardenne (Irmãos Dardenne)
Atores: Olivier Gourmet, Morgan Marinee, Isabella Soupart
Ano: 2002
País: França


Este filme é daqueles de dar nó na garganta. Típico dos franceses, que gostam do estilo. Assistam o trailer (excelente, abaixo), que diz muito sobre o espírito do filme.

A câmera na mão, sempre seguindo os passos de Olivier (nome do ator e personagem), nos deixa sempre em dúvida do que se trata o filme. Nos sentimos como se a câmera fosse íntima demais. Talvez nem sequer desejássemos estar ali. O filme começa assim: Olivier está observando um dos garotos, não sabemos bem o motivo. A primeira impressão é que talvez ele seja pedófilo. Não seria justo eu contar a trama aqui, já que eles não revelam nada no trailer. O não saber, a dúvida, fazem parte da graça desta obra-prima. Até o cartaz segue a mesma linha, ao cortar o rosto do garoto.

Interessante que não há grandes eventos que ocorrem durante a trama. É basicamente a relação de Olivier com o garoto. E a não aprovação de sua mulher. Uma história que poderia ser contada em uma linha mas que, diferente de muitos filmes que forçam um enredo, consegue dar importância a cada plano de sua história.

Este é o único filme que entrou na lista desde que eu comecei o blog. Não porque tenha assistido no meio tempo, mas porque tinha esquecido dele em primeiro lugar. E quando assisti "A Criança", dos irmãos Dardenne - ótimo filme também - me lembrei desta obra prima e da necessidade de te-la aqui.

O tipo de cinema dos Dardenne é plenamente contemporâneo, do estilo que Cannes gosta: câmera na mão, ausência de trilha, histórias íntimas e duras. Dediquei dois meses deste blog aos filmes premiados em Cannes, pela Palma de Ouro (este aqui recebeu um justo prêmio ao seu ator principal, Olivier): Maio e Junho de 2010.


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Próxima semana:
Obra prima do mestre japonês.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Butch Cassidy


Filme: Butch Cassidy
Título Original: Butch Cassidy and the Sundance Kid
Diretor: George Roy Hill
Atores: Paul Newman, Robert Redford, Catherine Ross
Ano: 1969
País: EUA



George Roy Hill fez dois grandes filmes: Golpe de Mestre, um filme de golpe e Butch Cassidy, um filme de bandido, por assim dizer. Mas sua dupla de atores ficou muito mais marcante do que seu nome. Paul Newman e Robert Redford são brilhantes e seguram com tranqüilidade os dois filmes.

Butch Cassidy e Sundance Kid foram criminosos reais, que se tornaram lendários, no fim do século 19. De certa forma lembram um pouco o nosso Lampião e seu bando. Bandidos que tem o carinho da população e se tornam lendas vivas.

O filme tem a leveza e o bom humor necessários para se tornar uma grande obra, daquelas que podemos rever muitas vezes sem nos cansar. A famosa cena com a música "Rain Drops"se perpetuou no cinema.

Gosto muito quando a dupla é perseguida por um policial durão pelo deserto de rochas americano. A perseguição leva muito tempo, mas não é algo emocionante. Pelo contrário, estão sempre a distância, mas sempre lá, mantendo o mesmo ritmo. Até que a dupla fica encurralada em um penhasco, na cena do youtube abaixo, que revela a essência do filme. O bom humor em um momento de tensão.

O final, quando estão na Bolívia, também é excepcional. Se fosse no cinema atual, com certeza teriam abusado da habilidade da dupla, fazendo umas vinte seqüências do filme. Vai lá Paul Newman e Robert Redford, façam graça e entretenham nosso público.



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Próxima semana:
Angústia francesa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Nelson Freire


Filme: Nelson Freire
Título Original: Idem
Diretor: João Moreira Salles
Ano: 2003
País: Brasil

documentário




Nelson Freire é um documentário interessante em muitos aspectos. Em primeiro lugar, pela força que existe no cinema. Apesar de ser conhecido em um pequeno nicho, após o filme seu nome passou a ter um reconhecimento muito maior, ainda um nicho mas bem mais amplo. É claro que a família Moreira Salles tem grande influência sobre a cultura no Brasil, por isso é importante ser "escolhido" pelo João. O que ele abraça, vinga.

Mas é inegável que ele seja um dos maiores cineastas do país. Por isso me entristecem os boatos de que ele não deseja mais trabalhar com cinema. Ao menos não mais dirigindo. Suas obras tem claras referências globais. Não é um brasilianista. E essas referências transparecem no filme, são explícitas, tanto em Nelson Freire como em Santiago, ele usa trechos de filmes, referências para reflexões. Aqui, adoro o tímido músico mostrando um trecho de um filme de Errol Garner, jazzista tocando piano com alegria e liberdade. E Nelson Freire dirige a câmera para que filme a TV e não ele, e o câmera vai e volta, desafiando e obedecendo o personagem.

João Salles diz que acompanhou Nelson Freire por dois anos antes de entrevistá-lo. Um feito incrível para conseguir quebrar a timidez do pianista. A intimidade fica clara quando um repórter francês está fazendo uma matéria idiota para uma TV local e pergunta algo como "você acha que vir de um país quante como o Brasil muda o seu jeito de tocar?". Ele desvia o olhar procurando a câmera de João, como quem diz "ta vendo o que eu preciso aguentar?".

Um personagem tímido e contido para um documentário como esse já merece respeito. Mas o que realmente me agrada é a montagem do filme. É simples, tranquila, tímida e contida como o seu personagem. E brilhante. Devo admitir aqui que copiei várias coisas para um filme que fiz, chamado "Arquivo Familiar".



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Próxima semana:
Faroeste divertido e inesquecível.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Janeiro - Perdidos

Janeiro é o último mês deste blog.

Quase dois anos após seu início, eu não mudei quase nada no planejamento dos filmes. Vi alguns filmes que talvez pudessem entrar aqui, como Cópia Fiel, mas nenhum que fosse absoluto e definitivo.

Para este último mês, ficaram os filmes perdidos, que não consegui juntar em alguma categoria. Outros dez filmes ficaram na berlinda, do lado de fora esperando uma possibilidade. E não vão entrar nos meus 100 filmes favoritos.

Entre eles, alguns presentes em todas as listas, como Laranja Mecânica, do Kubrick (já bem presente) ou Veludo Azul, do David Lynch (que ficou de fora da lista). Outros seriam de grande polêmica, como Houve Uma Vez Dois Verões, do Jorge Furtado ou Feitiço do Tempo, aquele filme da marmota com o Bill Murray.

Apenas um filme, que está na lista deste mês, entrou no processo, porque tinha esquecido dele lá no início. Um lindo filme dos irmãos Dardenne. Os outros formam um painel de filmes que pouco se relacionam. Um documentário intimista, um filme japonês meio maluco e um clássico americano, divertidíssimo, para iniciar o ano e acabar o blog, que já cumpre sua função e cujos leitores mais frequentes não agüentam mais.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

eXistenZ


Filme: eXistenZ
Título Original: Idem
Diretor: David Cronemberg
Atores: Jennifer Jason Leigh, Jude Law, Iam Holm, William Dafoe, Sarah Polley
Ano: 1999
País: EUA



Existenz é um universo todo novo, da cabeça de Cronemberg (o mesmo diretor de A Mosca). É um jogo no qual o jogador precisa entrar virtualmente tão profundamente naquela nova realidade que ele não consegue distinguir o real do fictício.

As rodas de jogadores parecem um pouco lan houses com jogadores compenetrados, debaixo de seus fones de ouvido, imersos em jogos de guerra e coisas do gênero. Aqui, uma espécie de chip é implantada na espinha vertebral das pessoas que entram no jogo. Elas apagam e entram de corpo e alma nesta nova realidade. Mas há o jogo dentro do jogo e nunca sabemos onde está a realidade, pois nenhuma delas é próxima da nossa. (é melhor ver o trailer aí embaixo, para entender melhor)

Alguns cineastas tem capacidade de criar mundos paralelos, como é o caso mais reconhecido do Tim Burton. Mas também do Miyazaki e do Syvian Chomet. Cronemberg é outro da lista, com seu prazer por aberrações, mutações biológicas e uma certa podridão de submundo. Por isso, os ambientes de eXistenZ são tão interessantes. Me lembram também um pouco do submundo de outras ficções científicas, como Blade Runner e Minority Report.

Eu não sei dizer se há uma crítica a alienação aqui, mas há, no mínimo, uma excelente interpretação de possibilidades deste mundo. Temos uma obsessão pelo real, por simular o real. Desde as pinturas, a fotografia, o próprio cinema, os jogos e as novas tecnologias 3D, estamos sempre buscando esta estranha experiência de viver uma outra realidade.

Brincam com este limiar muitos filmes deste blog, pois é uma temática que me interessa bastante (quem sabe possa surgir um mestrado daí?). Falo muito sobre isso em Jogo de Cena e, especialmente, em Close Up.

Um cena que merece destaque aqui é quando Jude Law, em desespero, sem saber o que fazer, grita "eXisteZ is paused!" e ele sai daquele mundo voltando a antiga realidade. Outra, que não vou descrever aqui, é a perfeita cena final. Para deixar uma vontade maior de ver o filme.



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Próxima semana:
O mundo íntimo de um músico tímido.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Smoking / No Smoking





Filme: Smoking / No Smoking
Título Original: Idem
Diretor: Alain Resnais
Atores: Sabine Azema, Pierre Arditi
Ano: 1993
País: França







Sempre tive um incômodo com filmes que tratam de viagens no tempo e coisas do gênero. Em especial porque as tentativas de explicações científicas me incomodam. Uma característica mais comum nos filmes clássicos e em especial americanos é tentar sempre uma explicação plausível, que nunca conseguem atingir. Isto começa (e já refleti sobre isso aqui no blog) em De Volta para o Futuro. Como seria possível que ações do passado não influenciassem o futuro? Sou adepto da teoria que um bater de asas de uma borboleta pode provocar um furacão no Japão. Mas o filme Efeito Borboleta, no qual um garoto consegue ter flashs de volta ao passado, deturpa a teoria. Exemplo: ele quer provar que consegue voltar ao passado, então volta a um momento na escola e enfia uma faca na mão, volta ao futuro e aparece uma cicatriz na mesma mão. Mas tal evento teria afetado tanto sua vida que seria impossível ele estar ali, no mesmo local do futuro.

Smoking / No Smoking é uma brincadeira com o tema que, depois que vi, desisti de fazer qualquer coisa relacionada a isso, pois tal filme serve como ponto final. A explicação que ele usa é simplesmente um recurso de linguagem cinematográfica. São dois filmes, na verdade. No primeiro, a mulher resolve fumar um cigarro e a história segue um caminho até que, em determinado momento ele usa uma tela com os dizeres "ou então" e volta a algum ponto atrás, uma simples mudança que afeta todo o futuro da história. São apenas dois atores que se relacionam e brincam com estas possibilidades de futuro. Ele volta várias vezes nos mostrando que em qualquer momento, qualquer decisão nos leva a um lugar diferente. Um adepto da falta de destino, do poder de influenciarmos nosso futuro. No segundo filme, ela resolve não fumar e toda uma árvore de novas possibilidades surge.

Sempre reflito sobre o tema e tenho a teoria de que vivemos em um espaço de tempo infinito, o que nos possibilita todas as possibilidades que o acaso permite. Ou seja, tudo! O que podemos imaginar e o que não podemos. Como o tempo é infinito, aqui estamos agora, mas já estivemos exatamente neste ponto infinitas vezes no passado e estaremos nele infinitas vezes no futuro. Uma coisa totalmente maluca, eu sei, mas que este simples filme traduz de forma brilhante.

No vídeo do youtube abaixo, uma campanha divulgando a exibição dos dois filmes, simultaneamente.





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Próxima semana:
O mundo maluco de cronemberg.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Timecode


Filme: Timecode
Título Original: Idem
Diretor: Mike Figgs
Atores: Xander Berkeley, Golden Brooks, Salma Hayek, Stellan Skarsgard
Ano: 2000
País: EUA


Para quem viu esse filme, a dica da semana passada ficou fácil: "planos sequência divididos em telas". Porque isso é o filme. Isso resume sua importância. Foi um marco no cinema recente, que explorou as novas possibilidades do cinema digital, assim como Avatar foi para o cinema 3D.

Mais um filme que vi na mostra internacional de cinema. E foi uma grande experiência. Quatro câmeras acompanham situações diferentes, em quatro planos sequência, que se juntam e se afastam, dividindo a tela em quatro. O som guia nossa atenção, sendo predominante na tela em que o diretor nos quer mostrar no momento. Mas temos a liberdade de observar as outras, se assim quisermos. E tudo tem um toque de um ensaio misturado com um improviso, chegando a ser bem cômico em alguns momentos.

É um desses filmes que tem uma importância histórica mas que, diferente de Arca Russa, apesar das inovações tecnológicas, não sustenta um enredo bom o suficiente para se perpetuar. Mas como este blog tem o intuito de trazer visões pessoais minhas e, portanto, os filmes que se perpetuam em mim, este aqui está.


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Próxima semana:
Fumar ou não fumar, eis a questão.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Arca Russa


Filme: Arca Russa
Título Original: Russkiy Kovcheg
Diretor: Alexandr Sukurov
Atores: Sergei Dontsov, Mariya Kuznetsova
Ano: 2002
País: Russia


Arca Russa é um desses filmes que são feitos para serem apreciados como uma obra de arte. Não se trata de um entretenimento e, portanto, a análise do ponto de vista do gosto do espectador não interessa. Ou seja, pouco importa se agrada ou não ao público.

Ao entrar no cinema (mais um filme que vi na mostra do Cakoff), não sabia muito o que esperar. Tinha ouvido falar pouco do filme, mas muito bem. E a mostra fazia uma homenagem a Sukurov, trazendo vários de seus filmes e o convidando para assinar o cartaz do festival. Ele desenhou algumas árvores ao vento. Um belo cartaz. Ali embarquei na obra.

A primeira impressão é a angústia da falta de corte, pois o filme se passa inteiro em um plano sequência. Como estamos acostumados ao corte, nos é aflitivo não poder contar com ele. A segunda aflição é entender muito pouco das referências históricas trazidas pelo filme, pois ele faz um panorama da história russa, viajando no tempo enquanto passeia pelas salas do museu Hermitage.

Mas ao fim da viagem, a sensação é incrível. Acompanhamos uma espécie de sonho de um personagem que viaja por esse museu, passando por diversos eventos e conversando com um guia também livre para perambular entre os cômodos.

Ao mesmo tempo em que faz essa viagem em um ritmo lento, ao estilo de seu mestre Tarkovsky, e nos traz diversas referências de época, sua produção é altamente contemporânea. Abusa dos recursos que hoje em dia ficam cada vez mais acessíveis. Filma em digital, o que chega a ser um erro de linguagem, e realiza o sonho de Hitchcock (quando quis fazer Festim Diabólico em um plano sequencia, mas tinha que cortar algumas vezes, pois os rolos de película nunca chegaram a duas horas).

E realiza este sonho com perfeição e ousadia. Envolve centenas de atores, coreografias, danças de salão, figurinos de época. Na maravilhosa sequência final (video abaixo), todos descem uma escada após a dança. Realmente parece que entramos naquele mundo.

Eu fui ver o filme sozinho e não tinha com quem compartilhar minhas sensações. Mas os outro espectadores (alguns acordando), também não tinham muitas palavras para dizer. Apenas algumas bocas abertas de admiração. Mesmo aqueles que não gostaram, que acharam o filme chato, admitiram sua beleza. Obra prima.


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Próxima semana:
Planos sequências divididos em telas.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dezembro - Outras Linguagens

Cinema é linguagem. Em geral, seguimos regras para entendê-la melhor, como qualquer linguagem. Griffith, no início do século XX foi quem determinou a maioria dos padrões que, hoje em dia, nem sequer notamos. Eisenstein criou outras maneiras de contar suas histórias. Mas o cinema industrial, a TV e, falta de competência generalizada e de criatividade e os manuais de roteiros determinaram um certo padrão na forma de contar filmes.

Mas ainda há os que fogem desses padrões. Quatro deles estarão aqui neste mês. Loucos ou gênios?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um Dia de Cão


Filme: Um Dia de Cão
Título Original: Dog Day Afternoon
Diretor: Sidney Lumet
Atores: Al Pacino, John Cazale
Ano: 1975
País: EUA


Lumet se mostra um gênio do filme simples, de uma locação. O mesmo diretor de 12 Homens e Uma Sentença, da semana passada. Com o brilhante Al Pacino e seu comparsa John Cazale, a mesma dupla que se reencontra em O Poderoso Chefão e sua sequência, Um Dia de Cão é um filme inesperado de um assalto a banco.

O filme recria um assalto real, que remete a um massacre policial, em Attica (como na cena abaixo). Mas sua força está, como Lumet faz muito bem, no paciente desenvolvimento de seus personagens. Ele não apela a recursos como flashback, fotos e cartas, nem precisa de muitos anos para revelar as facetas de seus personagens. Em apenas um dia do assalto, com reféns que participam da trama, tudo vai sendo descoberto.

O mais surpreendente é a real motivação do personagem de Al Pacino para assaltar o banco: seu amante, um homossexual que quer fazer uma transformação de sexo. As cenas de Al Pacino ao telefone são as mais brilhantes do filme e, possivelmente, de toda a sua carreira. Há uma história que vi numa entrevista do Lumet, em algum lugar, que diz o seguinte: durante as filmagens, esta cena era a que mais daria trabalho ao Al Pacino, se preparou e, quando finalmente encerraram de maneira brilhante, com o ator suado e acabado, quase sem forças mais, Lumet pediu para que ele fizesse mais uma vez. Já estava satisfeito, mas queria estressar mentalmente Al Pacino para tirar o seu melhor. E foi essa última tomada que agora está ali, perfeita e inesquecível.


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Próxima semana:
Filme-história-foda-plano-sequência.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

12 Homens e Uma Sentença


Filme: 12 Homens e Uma Sentença
Título Original: 12 Angry Men
Diretor: Sidney Lumet
Atores: Henry Fonda, E. G. Marshall 
Ano: 1957
País: EUA


Este filme é a mais perfeita imagem do tema que une os filmes deste mês: simplicidade. A bem da verdade, trata-se de uma peça teatral filmada. Mas o texto é tão bom, as atuações tão perfeitas que o que poderia ser entediante fica absolutamente intrigante.

São 12 juris discutindo uma sentença. O crime parece óbvio e todos querem sair dali o mais rápido possível. Onze deles rapidamente decidem pela condenação do garoto. Apenas Henry Fonda discorda, não por convicção de sua inocência, mas apenas para que, ao menos, o assunto possa ser debatido. (cena abaixo) Como a decisão precisa ser unânime, ali ficam.

Em um crescente de questionamentos, os jurados passam a tentar analisar mais profundamente o caso e percebem que sua primeira impressão pudesse ser errônea. Assim, vemos o quão frágil é o sistema judicial e suas subjetividades, pelas quais seria impossível, por exemplo, ser a favor da pena de morte. Os preconceitos ficam evidentes e, junto com eles, como os pré-julgamentos são feitos não ao observar fatos e sim opiniões pessoais, seus traumas e cultura.

Dois documentários brasileiros revelam o nosso sistema, da mesma diretora, Maria Augusta Ramos: Justiça e Juízo. Excelentes filmes que, com uma câmera distante, apenas observam o funcionamento (ou não) da lei.

Como dramaturgia, o texto de 12 Homens e Uma Sentença é perfeito. Cada um dos personagens é aos poucos revelados e, como todos passam por uma mudança de lado, até a unanimidade pela inocência, todos tem uma curva dramática, algumas mais fortes e outras mais fracas. E é claro que os diálogos e formas de argumentação são maravilhosas.

De certa forma, há aqui uma clara distinção de posturas, em um gradual painel. Desde a sensatez de Henry Fonda, da posição de querer ouvir e debater sem juízo de valores, até a alguns extremistas e pragmáticos que são intransigentes quanto a suas posições. Admitir uma mudança, portanto, é uma derrota pessoal tão grande como se ele próprio fosse considerado o culpado. Seria como se, numa apologia política atual, a Dilma resolvesse voltar atrás da construção de Belo Monte já que a sociedade se manifestou e apresentou argumentos fortes o suficiente para que o projeto fosse parado. Mudar de posição é considerado, na nossa sociedade, um crime tão grave como ter cometido o crime em primeiro lugar.


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Próxima semana:
Um banco, apenas. E tudo que isso implica.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Jantar


Filme: O Jantar
Título Original: La Cena
Diretor: Ettore Scola
Atores: Fanny Ardant, Giancarlo Giannini, Vitorio Gassman, Marie Gillain, Riccardo Garrone, Antonio Catania
Ano: 1998
País: Itália










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Próxima semana:
O mestre simplista, Sidney.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Gerry

Filme: Gerry
Título Original: Idem
Diretor: Gus Van Sant
Atores: Matt Damon, Casey Affleck
Ano: 2002
País: EUA










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Próxima semana:
Simplicidade italiana.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Novembro - Simplicidade

Sempre tive grande admiração pela simplicidade no cinema. Pela simplicidade em geral, na verdade. Mas no cinema, mais. Amo a ousadia de Antes do Por do Sol, de fazer um filme de um diálogo apenas. Mais ousado é Kiarostami, em Cópia Fiel e Dez - este, de irritar o espectador comum. O cinema iraniano, de forma genérica, alcança muito a simplicidade. Este também é o trunfo do cinema argentino, diante do tupiniquim. Como se diz, menos é mais, contrariando nossos aprendizados do primário. Na vida, serve bastante.

E a simplicidade, no cinema, considera sua produção. Filmar em apenas um local, por exemplo. Eis a simplicidade do complexo filme Jogo de Cena, do Coutinho. E todos os filmes deste mês seguem um pouco a mesma linha. Uma locação, excelentes diálogos e personagens.

Uma citação de internet, que não posso assegurar a fonte:
"Desculpe a longa carta. Escreveria outra, menor, se tivesse mais tempo." - Descartes

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Homenagem a Leon Cakoff

Me desculpem, leitores, pelo abandono das últimas semanas. Prometo que nesta coloco este blog de novo no trilho. Como brinde, faço esta pequena homenagem ao Leon Cakoff, criador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que faleceu recentemente.

Todo ano, trouxe para São Paulo os melhores filmes do mundo. E muito devo a essa mostra, como muitos outros já disseram. Hoje em dia é difícil de acompanhá-la, aguentar as filas e os chatos cults. Mas os filmes valem a pena.

Coincidentemente, muitos dos últimos filmes deste blog foram assistidos por seu autor na tal mostra. E em especial outros filmes de diretores já citados aqui, que sempre tem novos filmes na mostra. Faço uma pequena lista aqui:

Corra, Lola, Corra (e também outros filmes do Tom Tykwer, como Inverno Quente e Paraíso);
Gente da Sicília (e um outro filme esquisitíssimo dos mesmos diretores);
Tulpan;
Arca Russa e Timecode (os dois ainda não entraram no blog);
Novos filmes do Coutinho, Mike Leigh, Sukurov, Haneke, Kiarostami (que o Cakoff adorava), entre tantos outros.

E a mostra rolando agora em São Paulo. E eu não vi nenhum filme. Fica a promessa de que no ano que vem, aí sim, vou comprar o pacotão e tirar férias nessa época...

Morangos Silvestres

Filme: Morangos Silvestres
Título Original: Smultronstället
Diretor: Ingmar Bergman
Atores: Victor Sjöström, Bibi Andersson
Ano: 1957
País: Suécia









Torrent (e legenda): download aqui


Cena do youtube:



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Próxima semana:
Outro deserto eloqüente.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tulpan

Filme: Tulpan
Título Original: Idem
Diretor: Sergei Dvortsevoy
Atores: Tolepbergen Baisakalov, Samal Yeslyamova, Ondas Besikbasov
Ano: 2008
País: Casaquistão








Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



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Próxima semana:
Meu ex-assistente deu uma dica errada, pois os que plantamos não são silvestres.

domingo, 23 de outubro de 2011

Tulpan

Olás nessas duas ultimas semanas nosso criador do blog, Victor Fisch está numa missão no Xingu. Ele volta na terça-feira, e eu como assistente fiquei de pelo menos montar as páginas dos filmes para não quebrar a rotina das segundas-feiras.
Mas não o fiz. esqueci completamente. Desculpe caros leitores.
Então após muitos comentário resolvi dar uma satisfação a vocês assiduos do blog.

Primeiro porque é época de mostra internacional de cinema em São Paulo, e o filme dessa semana veio da 33º Mostra (estamos na 35º).
Tulpan, já falado anteriormente aqui no blog. Assistimos ao filme despretenciosamente, foi uma indicação do amigo Fabio Baldo, por ser um filme do Cazaquistão, resolvemos apostar, não conheciamos nada do cinema de lá. E fomos maravilhosamente agraciados com um filme super interessante, de uma linguagem quase documental e de um cultura da qual não conheciamos.
E eis que esse fim de semana durante uma sessão e outra de filmes  da mostra vejo na vitrine da livraria cultura o próprio Tulpan em dvd, num lançamento de filmes especiais e inéditos em dvd, lançados pela mostra e fiquei muito feliz!



Distribuidora:  LIVRARIA CULTURA DVD
Gênero:  CINEMA EUROPEU
País:  Cazaquistão e Russia
Ano: 2008















Cena do Youtube:
http://youtu.be/WP0lQ6AHTps

Próxima Semana:
Plantamos aqui na varanda de casa

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Limite

Filme: Limite
Título Original: Idem
Diretor: Mário Peixoto
Atores: Olga Breno, Taciana Rei, Raul Schnoor
Ano: 1931
País: Brasil



Limite não se encaixa muito bem na história do cinema brasileiro. Em primeiro lugar, porque as referências de Mário Peixoto vinham muito mais da Europa do que de outros cineastas tupiniquins. Mais ainda por ser seu único filme. Passou a vida planejando seu segundo projeto, que nunca saiu dos papéis. Talvez por medo de não conseguir superar a qualidade de sua obra prima.

Limite é uma mistura de realismo, surrealismo e construtivismo. Tende mais para o primeiro, esteticamente. Os lindos enquadramentos, as temáticas e as atuações vão nessa linha. Mas há uma imagem, tirada de uma capa de revista que Mário Peixoto viu na Europa, que dá um outro estilo ao filme. O rosto de uma mulher e os pulsos algemados mais parece uma imagem de Buñuel. Já o modo como é inserida no filme lembra Eisenstein.

Seja como for, o que fica é a sensação do balançar do mar.


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Cena do youtube:



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Próxima semana:
Uma orelha do Cazaquistão.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Gente da Sicília

Filme: Gente da Sicília
Título Original: Sicilia!
Diretores: Danièle Huillet e Jean-Marie Straut 
Atores: Gianni Buscarino, Angela Nugara
Ano: 1999
País: Itália



De certa forma, por um princípio de sua sinopse, Gente da Sicília lembra o famoso Cinema Paradiso. Ambos tratam de um filho que retorna a uma terra esquecida da Itália, ao encontro de sua mãe e seu passado. Mas esteticamente nada tem de semelhantes.

Este filme é um desses difíceis de tragar pelo público em geral, pois não deve ser entendido como entretimento. Trata-se de uma obra de arte, a ser apreciada como quadros, que são. Uma sequência deles, parados, longos. Um museu no qual os diretores definiram o tempo de apreciação de cada um de seus enquadramentos.

Embora a estética possa fazer referência ao neo-realismo, com uma fotografia preto e branca, locações e não atores, os diálogos tem um tempo pouco naturalista, que gera um estranhamento. Cada um fala em seu turno, aguarda sua vez e desembucha um diálogo longo. De certa forma, me lembra o grande filme português "Aquele Querido Mês de Agosto".

E mesmo com essa forma explícita, que ignora o naturalismo, a realidade está ali, muito presente. Como se os personagens interpretassem a si próprios e o filme fosse um documentário dessa ficção.

Assisti esse filme em uma Mostra Internacional (que começa logo mais em São Paulo, dia 21 de outubro), e me marcou profundamente. Um proposta que não vi nunca mais, mas que muito me agrada.


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Cena do youtube:



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Próxima semana:
Brasil num cinema que não existiu.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Rocco e Seus Irmãos

Filme: Rocco e Seus Irmãos
Título Original: Rocco e i Suoi Fratelli
Diretor: Luchino Visconti
Atores: Alain Delon, Claudia Cardinale, Renato Salvatori, Annie Girardot, Max Cartier, Rocco Vidolazzi
Ano: 1960
País: Itália





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Próxima semana:
A Sicilia. Tão esquecida por todos, tão amada pelo cinema.

Outubro - Au naturel

Voltamos as origens deste blog. Ao começo de suas discussões. A Visconti, Di Sica e cia. O naturalismo, o realismo, o cinema verdade. Mas agora sob um outro ponto de vista. Um crescente de visões não tão naturalistas dentro do próprio naturalismo.

Viajamos o mundo. Saímos da Itália para ver a dura relação do homem com seus horizontes, do mar brasileiro, das plantações suecas e do deserto do Kazaquistão (duvido que alguém viu outro filme deste país). Foi em março de 2010 que o tema estava presente aqui. Um ano e meio depois, ele ainda vigora forte dentro de mim. Reverbera. O meu personagem J. ora é naturalista, ora alucina. Está sempre aqui.

O bom deste mês é que teremos dois filmes incomuns, que a maioria dos seguidores deste blog não devem ter visto. Eis minha aposta!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Blow Up

Filme: Blow Up - Depois Daquele Beijo
Título Original: Blow Up
Diretor: Michelangelo Antonioni
Atores: David Hemmings, Vanessa Redgrave
Ano: 1966
País: Itália e Inglaterra








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Próxima semana:
A família italiana começa pelos irmãos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cinema, Aspirinas e Urubus

Filme: Cinema, Aspirinas e Urubus
Título Original: Idem
Diretor: Marcelo Gomes
Atores: João Miguel, Peter Ketnath
Ano: 2005
País: Brasil


Marco do cinema recente brasileiro, por ser uma obra simples, original, autoral, universal e muito bela. Boa, bonita e barata.

Um filme que tem a força de um bom roteiro e um ator que tem se tornado o meu predileto do cinema nacional: João Miguel. Ao lado de Peter Ketnath, formam uma dupla para debater, refletir, conversar.

Assim andam pelo nordeste branco da fotografia de Mauro Pinheiro. E pelos idos anos 40, época da segunda guerra mundial. O alemão, com seu trabalho de viajar o Brasil, apresentando o cinema e vendendo aspirinas.

De universos totalmente distintos, o alemão e o nordestino poderiam dar uma dessas duplas cômicas de filmes americanos. Mas o Marcelo Gomes prefere apostar na leveza e na consciência de se fazer cinema. 

Mais ainda, cria um novo estilo cinematográfico brasileiro, juntamente com Karin Anouz, Sergio Machado e Claudio Assis. Um novo cinema nordestino.


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Cena do youtube:


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Próxima semana:
Ampliando uma fotografia.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Estrada da Vida

Filme: A Estrada da Vida
Título Original: La Strada
Diretor: Federico Fellini
Atores: Anthony Quinn, Giulietta Masina
Ano: 1954
País: Itália


De certa forma, A Estrada da Vida é uma comédia romântica no estilo de Fellini, entre os memoráveis personagens Zampano e Gelsomina ( e os brilhantes atores Anthony Quinn e Giulietta Masina).

Mas muitas coisas o tornam especial. Em primeiro lugar, é impossível descrever a beleza desses personagens, caricatos e naturalistas. Gelsomina tem um sorriso e uma tristeza que se somam de uma maneira tão misteriosa, tem uma ingenuidade e uma sinceridade que se complementam. Ela é, por si só, uma obra prima.

Zampano já é o homem bruto, sem escrúpulos, que trata sua mulher como um objeto. Mas quando a perde, sente uma dor que o transforma de tal maneira que sentimos a profundeza de sua dor.

A Estrada é uma mistura de estilos e referências, ora exagerado (ou feliniano), ora realista, como um filme de Visconti. Nessa estrada, como em quase todos os filmes que seguem uma estrada, personagens aparecem e somem, pegam carona e descem. Gelsomina é uma delas, que sobe na carroceria de Zampano no início do filme. Depois desce e some. Mas a música (ah, a música!) de Nino Rota, fica para sempre. Assim como as sensações que estes eternos personagens nos deixam.



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Cena do youtube:


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Próxima semana:
A estrada brasileira
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