segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Anjo Exterminador


Filme: O Anjo Exterminador
Título Original: El Ángel Exterminador
Diretor: Luis Buñuel
Ator: Enrique Rambal, Claudio Brook
Atriz: Silvia Pinal
Ano: 1962
País: México, Espanha



Buñuel é foda.

Está entre o meu seleto hall de referências e influências. Ao lado de algumas figuras peculiares, ele mostra uma visão pouco comum sobre as coisas

Estranhamento. É a primeira sensação ao assistir um filme dele ou de qualquer obra que derive do surrealismo. Mas comigo as estranhezas conversam melhor do que as normalidades. Me inspiram Kafka e suas situações kafkanianas, Becket, Magritte, Andy Kaufman, David Lynch, Charlie Kafman, entre outros. Lynch diz que também não entende muitas das cenas que opta por colocar em seus filmes. E por que coloca? Porque ela cai bem ali, como uma sensação extraterrestre que faz com que aquilo faça sentido. O Castelo, de Kafka, é uma obra inacabada, mas trata-se de um dos melhores finais de livros que poderiam ter sido pensados. Os roteiros de Charlie Kaufman, aos quais voltarei mais tarde, também trabalham com conceitos de absurdos transformados em cotidiano. O absurdo é usado para nomear o Teatro do Absurdo, mas não encontro nome que conceitue todas essas artes e unifique essa ideia. A Arte do Absurdo, talvez. Os atores que trabalhavam com Buñuel, especialmente em seu curta surrealista Um Cão Andaluz (coloquei mais abaixo na cena do youtube), diziam que realmente não tinham ideia do que estavam fazendo, apenas seguiam as ordens daquele diretor maluco.

Isto tudo para justificar o fato de que eu não sei porque tenho tanto apreço por este filme, O Anjo Exterminador. Há um jantar, da burguesia, os criados da casa saem, fogem, como se algo estivesse para acontecer. O jantar acontece da maneira que conseguem improvisar os anfitriões, sem seus empregados. Quando chega a hora de ir embora, ninguém consegue abandonar a sala. Não ficam presos por algo explícito e lógico, simplesmente não conseguem sair, como se ali estivesse uma parede invisível. Passam dias ali, presos na sala e suas relações vão sendo desenvolvidas. É claro que a convivência muito intensa acaba criando alguns desconfortos. Até que entram alguns cabritos ali e "libertam" os burgueses.

Não sei dizer porque, mas é um tesão, sem sombra de dúvidas.


Torrent: download aqui
(com legenda)



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Semana que vem:
A escadaria eterna.

Um comentário:

  1. Me lembrei do "Ninguém sai", do conto do Veríssimo do jogo de cartas. Mas me lembra também nossos almoços de domingo. Parece que ninguém quer sair da mesa, de casa. Sair é perder algo, é ficar de fora, pelo menos assim o sinto. Mas não deve ter nada com o filme, que devo assistir em breve. Paula

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