Filme: Ladrões de Bicicleta
Título Original: Ladri di Biciclette
Diretor: Vittorio De Sica
Atores: Lamberto Maggiorani e Enzo Staiola
Ano: 1948
País: Itália
O princípio é simples: até que ponto o homem aguenta viver na pobreza? Sob influência de diversos movimentos políticos e sociais e da combinação desses temas com a arte (considerando que o filme é do mesmo ano de A Terra Treme), o neorealismo italiano estava fortemente marcado pelas dificuldades e sofrimento encontrados na pobreza e os conflitos gerados por esses sofrimentos. Aqui, acrescenta-se ainda a relação de pai e filho, sempre muito marcante e emocionante.
Vemos a honra do pai em questão e o maior conflito que o aflige é se deve sofrer com a vergonha de não poder dar nada a seu filho ou correr o risco de ser pego como ladrão, para mostrar a ele que ao menos alguma coisa ele consegue, que sua pobreza não é tão vergonhosa.
De chutar o estômago da alma, este filme não é recomendável para qualquer dia, mas imprescindível para todos os outros. Ou seja, somos pessoas diferentes, nós que temos dentro de nós a vivência que nos proporciona o filme.
Na cena do youtube que eu escolhi, coloquei um momento de alegria (ao menos para quem o vê à parte do todo, pois no conjunto percebemos tratar-se de uma alegria sofrida). Mas é sem dúvida a angustiante seqüência do roubo da bicicleta que fica marcada como uma cena para a memória.
Filmado há mais de sessenta anos atrás, o que realmente me dá amargura e desespero é ver como o cinema é incompetente como arma de mudanças estruturais da sociedade, pois as cenas continuam muito comuns, não sei se naquele mesmo espaço, mas em muitos outros.
Apesar de datado, o registro cinematográfico torna o conflito eterno e insolúvel. Aquele pai estará sempre no mesmo momento de desespero e confusão, da mesma forma pobre, da mesma forma sem alternativas. E assim foi quando o filme pela primeira vez foi exibido, quando eu o assisti pela primeira vez, nos meados dos anos 90 e continua sendo e sempre será. Muda apenas a relação daqueles que o vêem e de sua respectiva situação social e cultural.
Creio ser comum ter pensamentos como os que eu tive, de indignação sobre a condição humana, em um primeiro momento, de visualização de um mundo melhor e possível e, infelizmente, de uma incapacidade de mudar uma vírgula. No máximo o poder de substituir um ponto final por uma vírgula, quem sabe,
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Semana que vem:
Com todas essas referências, sofrimentos e escadas, é hora do Brasil carregar sua cruz.