segunda-feira, 14 de junho de 2010

Segredos e Mentiras

Filme: Segredos e Mentiras
Título Original: Secrets and Lies
Diretor: Mike Leigh
Atores: Brenda Blethyn, Timothy Spall, Marianne Jean-Baptiste
Ano: 1996
País: Inglaterra



A combinação do cineasta Mike Leigh e da atriz Brenda Blethyn cria algumas das melhores pérolas do cinema atual. Os filmes deste diretor inglês trazem marcas muito características e interessantes. Um humor negro de ótima qualidade, profundidade intensa de excelentes personagens, diálogos muito verdadeiros.

A história que conta o Mike Leigh traz sempre um mundo muito próprio de um povo britânico mais pobre, mais sofrido, mais traumatizado e cheio de problemas. Não há muito de um cinema inovador pela linguagem, e sim pelo conteúdo. Como consegue chegar tão longe?

Na ocasião de Segredos e Mentiras, ouvi falar dos métodos de preparação de atores que foram utilizados no filme. Entraram nos personagens e viveram suas vidas durante alguns meses. Mais do que ensaios, o que Mike Leigh traz são vivencias. E fica totalmente explícita a realidade na tela. Em especial através da monstruosa atriz Brenda Blethyn.

A temática também é das minhas: famílias desconstruídas. Adoro relações familiares e as vejo como ótimo pano pra manga. Eu não tenho habilidades descritivas suficientes para exaltar a maravilhoso sutileza e os pequenos detalhes das relações deste filme. Brenda é uma mulher solitária e dramática que não consegue ter proximidade alguma com sua filha. Seu irmão é um fotógrafo (o que rende excepcionais aparições de personagens secundários, como clientes que querem tirar fotografias - vale ver a seqüência no youtube). É um cara mais tranquilo que gostaria de ter relações mais próximas do que as que tem. E a terceira personagem é uma filha negra que Brenda teve e deu para adoção e que agora buscará encontrá-la. A partir daí está criada a teia de relações necessária.

Há o diálogo entre filha adotada e mãe biológica que é sensacional e que eu tinha colocado aqui na cena do youtube. Mas mudei a cena para uma parte que aparecem os personagens sendo fotografados, mais simpático para uma cena de youtube.

Um filme um pouco mais famoso da dupla Leigh e Blethyn é aquele O Barato de Grace. E recomendo também Simplesmente Feliz e Agora ou Nunca (este com o mesmo ator que faz o irmão, Timothy Spall, excelente também). Todos de Mike Leigh, que é outro selo de qualidade, além da palma de ouro de Cannes.

Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:



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Próxima semana:
É necessário conhecer a podridão humana para escreve-la.

9 comentários:

  1. A filha que foi em busca da mãe e descobriu que o irmão era um fotógrafo.
    :-)
    Gostei muito deste filme.
    Gosto desta forma inglesa de se fazer cinema, gosto da Inglaterra e gosto da lingua inglesa falada, ouvida e escrita.
    O tipo de filme que é sempre bom ver de novo.

    E, já que voce falou, o Barato de Grace é um barato! É um dos meus filmes de cabeceira.
    :-))

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  2. Eu assisti o Barato de Grace e achei bem chatinho.
    Victor, apesar de ter os mesmos diretores, dê-me uma razão para este filme merecer sua recomendação.

    Bruno

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  3. Caro Bruno, assista este vídeo do youtube, a partir do minuto 2:13 e me diga o que achas.

    Achei que no post já trazia vários motivos para assistir o filme, mas creio que foram insuficientes. Te digo, então, que você está intimado a assisti-lo e me dar sua opinião depois.

    Garanto a qualidade, ou não me chamo Victor Fisch.

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  4. Revi as cenas do estudio. É uma sucessão de caras e bocas imperdivel. Aquele executivo que olha a hora logo após o click está ótimo, e o outro que leva uma "flashada" no mesmo momento que diz que não quer flash é hilário.
    :-)

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  5. Cadê?
    O Brasil já ganhou e o domingo já está no fim.
    Cadê a podridão humana?

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  6. Caro Zé, leitor assíduo e ótimo comentarista, as postagens acontecem às segundas. De vez em quando eu consigo programar para entrar de madrugada. De vez em quando não.
    Abraços

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  7. Ainda estou em dívida. Vou assistir em breve e comentar, mas eu estava me referindo ao outro filme do diretor, "O Barato de Grace", que eu achei chato.

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  8. Gde Victor! Com algum atraso, neste fds finalmente consegui ver o filme. Gostei muito do personagem do fotógrafo...muito bom, o cara sensato no meio de mulheres loucas que se odeiam e que ele gostaria que fossem todas amigas...acho que todos nós homens já passamos por este tipo de situação....A personagem principal eu achei muito caricata...isso me incomodou um pouco durante o filme, mas acho que talvez esta fosse a intenção do diretor mesmo.

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  9. Caro Bruno, vou ter que discordar de você. A personagem é de um imenso realismo. A pessoa, em si, pode ser considerada exagerada, mas não seu realismo. Um exagero positivo. Como eu disse no texto, o método de atuação deste filme foi colocar os atores durante vários meses vivendo a vida daqueles personagens. Ela me traz uma realidade tão grande que eu quase posso conversar com ela. Encontro muitas pessoas desse tipo por aí... "figuras"

    Mas quanto a situação do homem em um meio de mulheres loucos, concordo 100%.

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