segunda-feira, 21 de junho de 2010

Barton Fink


Filme: Barton Fink
Título Original: Barton Fink
Diretor: Irmãos Coen
Atores: John Turturro, John Goodman, Judy Davis
Ano: 1991
País: Estados Unidos


Eu sou grande fã dos Irmãos Coen. Talvez, ao lado do Jim Jarmusch, é a cinematografia que mais conheço, do início aos filmes mais recentes. Fazem comédias de grande estilo. Outro dia minha mãe me mostrou uma entrevista com o filósofo Gilles Deleuze, na qual ele dizia que achava muito engraçados autores como Kafka, Becket e companhia. Creio que temos um gosto de humor semelhante e que, portanto, os filmes dos Irmãos Coen também agradariam ao filósofo.

Tenho reparado, aliás, que grande parte dos filmes que tenho escolhido trazem bons toques de humor, mesmo não sendo eles tão explícitos. E os filmes dessa dupla têm, em geral, grande mérito no tipo de humor que fazem. São mestres na criação de personagens caricatos, com trejeitos esquisitos, com manias, com toques. A dupla de atores principais de Barton Fink é genial: John Torturro e John Goodman, muito presente em outros filmes deles.

Barton Fink é um autor teatral de sucesso que é convidado por Hollywood para escrever um roteiro. Mas ele quer, a todo custo, fugir do glamour do cinema, fica em um hotel caindo aos pedaços, encontra pessoas podres, fétidas. E por que a podridão humana atrai os roteiristas? Por que é no sofrimento e na pobreza que estão as melhores histórias?

A resposta pode parecer meio óbvia, mas vale a reflexão: conflito. A base da dramaturgia é o conflito e por isso eu não consigo visualizar uma história sem embates, sem problemas. A dificuldade de Barton Fink é conseguir criar uma história, é o conflito mobilizador da trama. E em toda e qualquer história, conto de fadas, novela das oito, big brother ou comédia romântica há um conflito. Muitas pessoas dizem que não vão ao cinema para ver sofrimento, que querem se divertir e coisas do gênero. Não concordo com esse pensamento. Em primeiro lugar, como mostra bem este filme, o sofrimento pode ser divertido e leve.

Em segundo lugar, creio que o cinema tem uma função essencial de reflexão sobre a vida e o mundo. Ao final dos cem filmes que colocarei aqui, teremos um excelente painel de uma visão de mundo (ou várias, espero) e um repertório fantástico que nos serve cotidianamente. Seja ao falar sobre o tempo ou em uma discussão filosófica de boteco com os amigos, ali estão nosso repertório, que não pode ser raso. Não deve ser. Não gostaria que fosse.

E o que diferencia a boa dramaturgia, o bom conflito de um ruim. Creio que aqui trata-se de uma sensação pessoal de cada um, que é criada a partir de um repertório. Quanto maior o repertório, mais profunda será a necessidade de reflexão. E assim descartaremos novelas e big brothers e o horário nobre da tv transmitirá Barton Fink e as listas das grandes obras já produzidas.

Não sou contra a cultura de massa, desde que ela seja a que eu goste. Se bem que é provável que, se a novela virar underground, eu renego os filmes e faço um blog de novelas...


Torrent: download aqui
Legenda: download aqui

Cena no YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=ZGkVBg6k9Rk&feature=related


Próxima semana:
Um jovem americano é um ser muito complexo de compreender.

3 comentários:

  1. Tá certo, recado recebido.
    ;)
    Vou procurar em DVD para ver este sofrimento "light".

    Verei e voltarei!
    :)

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  2. Minha locadora tem e já reservou para mim.
    :-))

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  3. Vi!
    (Vi do verbo ver e não uma redução do seu nome)
    ;)
    Sofrimento leve? Sim, de uma certa forma.
    Na capa do DVD o filme é classificado como comédia, o que eu acho um desvio de interpretação de quem definiu desta forma.
    Tem muito humor na criação de personagens, mas dai a ser comédia...
    Não sei definir o que este filme é, e nem quero.
    Apenas digo que vi, achei chato em alguns momentos, achei outros momentos engraçados, os atores são bons e ficam a vontade dentro dos conflitos (para usar uma definição que voce usa) de seus personagens.
    Mas se eu gostei...acho que não gostei.
    Mas também não odiei, não é o tipo de filme que se vê e se esquece logo depois que as luzes se acendem.
    Uma coisa que eu gostei muito foi daquela pedra na praia, com a onda estourando por detrás dela, não sei porque.
    Agua mole em pedra dura............
    :-))
    :-)))

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