Título Original: Secrets and Lies
Diretor: Mike Leigh
Atores: Brenda Blethyn, Timothy Spall, Marianne Jean-Baptiste
Ano: 1996
País: Inglaterra
A combinação do cineasta Mike Leigh e da atriz Brenda Blethyn cria algumas das melhores pérolas do cinema atual. Os filmes deste diretor inglês trazem marcas muito características e interessantes. Um humor negro de ótima qualidade, profundidade intensa de excelentes personagens, diálogos muito verdadeiros.
A história que conta o Mike Leigh traz sempre um mundo muito próprio de um povo britânico mais pobre, mais sofrido, mais traumatizado e cheio de problemas. Não há muito de um cinema inovador pela linguagem, e sim pelo conteúdo. Como consegue chegar tão longe?
Na ocasião de Segredos e Mentiras, ouvi falar dos métodos de preparação de atores que foram utilizados no filme. Entraram nos personagens e viveram suas vidas durante alguns meses. Mais do que ensaios, o que Mike Leigh traz são vivencias. E fica totalmente explícita a realidade na tela. Em especial através da monstruosa atriz Brenda Blethyn.
A temática também é das minhas: famílias desconstruídas. Adoro relações familiares e as vejo como ótimo pano pra manga. Eu não tenho habilidades descritivas suficientes para exaltar a maravilhoso sutileza e os pequenos detalhes das relações deste filme. Brenda é uma mulher solitária e dramática que não consegue ter proximidade alguma com sua filha. Seu irmão é um fotógrafo (o que rende excepcionais aparições de personagens secundários, como clientes que querem tirar fotografias - vale ver a seqüência no youtube). É um cara mais tranquilo que gostaria de ter relações mais próximas do que as que tem. E a terceira personagem é uma filha negra que Brenda teve e deu para adoção e que agora buscará encontrá-la. A partir daí está criada a teia de relações necessária.
Há o diálogo entre filha adotada e mãe biológica que é sensacional e que eu tinha colocado aqui na cena do youtube. Mas mudei a cena para uma parte que aparecem os personagens sendo fotografados, mais simpático para uma cena de youtube.
Um filme um pouco mais famoso da dupla Leigh e Blethyn é aquele O Barato de Grace. E recomendo também Simplesmente Feliz e Agora ou Nunca (este com o mesmo ator que faz o irmão, Timothy Spall, excelente também). Todos de Mike Leigh, que é outro selo de qualidade, além da palma de ouro de Cannes.
Torrent: download aqui
Legenda: download aqui
Cena do youtube:
---------------------------------
Próxima semana:
É necessário conhecer a podridão humana para escreve-la.
A filha que foi em busca da mãe e descobriu que o irmão era um fotógrafo.
ResponderExcluir:-)
Gostei muito deste filme.
Gosto desta forma inglesa de se fazer cinema, gosto da Inglaterra e gosto da lingua inglesa falada, ouvida e escrita.
O tipo de filme que é sempre bom ver de novo.
E, já que voce falou, o Barato de Grace é um barato! É um dos meus filmes de cabeceira.
:-))
Eu assisti o Barato de Grace e achei bem chatinho.
ResponderExcluirVictor, apesar de ter os mesmos diretores, dê-me uma razão para este filme merecer sua recomendação.
Bruno
Caro Bruno, assista este vídeo do youtube, a partir do minuto 2:13 e me diga o que achas.
ResponderExcluirAchei que no post já trazia vários motivos para assistir o filme, mas creio que foram insuficientes. Te digo, então, que você está intimado a assisti-lo e me dar sua opinião depois.
Garanto a qualidade, ou não me chamo Victor Fisch.
Revi as cenas do estudio. É uma sucessão de caras e bocas imperdivel. Aquele executivo que olha a hora logo após o click está ótimo, e o outro que leva uma "flashada" no mesmo momento que diz que não quer flash é hilário.
ResponderExcluir:-)
Cadê?
ResponderExcluirO Brasil já ganhou e o domingo já está no fim.
Cadê a podridão humana?
Caro Zé, leitor assíduo e ótimo comentarista, as postagens acontecem às segundas. De vez em quando eu consigo programar para entrar de madrugada. De vez em quando não.
ResponderExcluirAbraços
Ainda estou em dívida. Vou assistir em breve e comentar, mas eu estava me referindo ao outro filme do diretor, "O Barato de Grace", que eu achei chato.
ResponderExcluirGde Victor! Com algum atraso, neste fds finalmente consegui ver o filme. Gostei muito do personagem do fotógrafo...muito bom, o cara sensato no meio de mulheres loucas que se odeiam e que ele gostaria que fossem todas amigas...acho que todos nós homens já passamos por este tipo de situação....A personagem principal eu achei muito caricata...isso me incomodou um pouco durante o filme, mas acho que talvez esta fosse a intenção do diretor mesmo.
ResponderExcluirCaro Bruno, vou ter que discordar de você. A personagem é de um imenso realismo. A pessoa, em si, pode ser considerada exagerada, mas não seu realismo. Um exagero positivo. Como eu disse no texto, o método de atuação deste filme foi colocar os atores durante vários meses vivendo a vida daqueles personagens. Ela me traz uma realidade tão grande que eu quase posso conversar com ela. Encontro muitas pessoas desse tipo por aí... "figuras"
ResponderExcluirMas quanto a situação do homem em um meio de mulheres loucos, concordo 100%.