Filme: O Quarto do Filho
Título Original: La Stanza del Figlio
Diretor: Nanni Moretti
Atores: Nanni Moretti, Laura Morante, Jasmine Trinca, Giusepe Sanfelice
Ano: 2001
País: Itália
Respire fundo antes de mergulhar neste filme. Uma das maiores rupturas que podem ser imaginadas é a perda do filho. A morte, quando já há muito esperada e consentida, quando da doença ou velhice, pode ser compreendida e aceita. Mas quando aparece do nada, de repente, sem pedir licença, o tombo é inevitável. E meu pai sempre diz que a perda de um filho é a pior que se pode ter, uma quebra da concepção natural, o ponto fora da curva. E é disto que trata este filme, de mim e de meu pai, de como ele reagiria caso eu... Bom, já o vejo batendo na madeira três vezes.
Nanni Moretti dirige e atua, sendo o pai psicólogo que perde o filho, Andrea. Antes disso, no entanto, vemos como funciona a dinâmica da família, de classe média, unida, os pais e um casal de filhos. Clássicos e típicos, o pai tentando ser um bom pai, ciúmes da filha, preocupado com o filho. A relação já era por si só um espelho de minha família, mas entra fundo em minha alma uma cena simples, na qual o garoto perde uma partida de tênis em um campeonato sem importância. Ele não liga muito, mas o pai acha que ele perdeu de propósito, porque podia ganhar. Durante o jogo fica ansioso, angustiado, é muito mais competitivo que o próprio filho que está jogando. Começa a reclamar que ele se distrai, que parte para outro mundo no meio do jogo e discute com ele após a partida. Pai: Você perdeu de propósito, joga por jogar. A graça é jogar para vencer, não é? Não, ele e eu respondemos.
E aí vem a ruptura. Andrea morre em um acidente, a vida como um sopro, o pai se culpa, não conseguem trabalhar, a relação na família se desestabiliza e por aí vai. Mas a profundidade dos personagens e o clima (como sempre) do filme, são essenciais para seu desenvolvimento. Pouco depois do lançamento deste filme saiu uma cópia americana de mesmo estilo, a mesma história, até alguns planos iguais, chamado "Entre Quatro Paredes". Uma merda que até concorreu a alguns Oscars. Vale ver os dois para saber diferenciar climas de filmes, o americano sendo dramático, exagerado, estúpido. Já o italiano é pesado mas sensível, leve toque de humor.
Vale também salientar o lado bem humorado que geralmente trazem filmes com psicólogos e suas relações com seus pacientes, como há em vários filmes do Woody Allen e um filme que falarei mais para frente, "Felicidade".
Mas como é dura, a partida de Andrea.
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Cena do youtube:
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Próxima semana:
Quem curte humor negro-familiar-britânico?
Não fico com vontade de ver este filme por motivos óbvios.
ResponderExcluirEu, como o Severiano Ribeiro, acho que o "Cinema é a Maior Diversão", e filmes assim não são considerados como diversão para mim.
Mas o fato de haver uma cópia americana me instiga a curiosidade pela possibilidade de comparação.
Vamos ver o que irei fazer...
Quanto ao tema, infelizmente já vi esta história algumas vezes ao longo da minha vida, e bem de perto.
Meu pai morreu antes de minha avó, já perdi alguns amigos os quais ajudei a enterrar junto com seus pais e por ai vai.
É a quebra da lei natural da coisas da vida humana, é óbvio que pai e mãe devem partir antes de seus filhos, mas...
Acabo de bater na madeira, várias vezes, por mim e por todos os pais que conheço!
Assista, assista!
ResponderExcluirVocê vai chorar, porque é impossível não fazê-lo (quem não chorou neste filme me avise!), mas garanto que irá rir mais ainda, pois tem bom humor e boa alma.
O cinema é diversão, mas é das mais poderosas armas de reflexão, de conhecer outras pessoas, de se ver na tela, de se compreender, de estudar o mundo e os outros, de vivenciar outras experiências. Para mim, limitar o cinema à diversão é muito pouco. Coitado...
Medo gigante de assistir.
ResponderExcluirAgora, humor negro britânico? Parece delicioso, mas não sei qual é...
Humor negro familiar britanico.
ResponderExcluirSe é humor negro-familiar-britanico só pode ser a história da filha que foi procurar a mãe e descobriu que o irmão era fotógrafo...
:-))
E essa foto, quem é?
ResponderExcluirCamels
E essa foto, de quem é?
ResponderExcluirHollywoods
:-))))
É de um que já passou por aqui: Jim Jarmusch.
ResponderExcluirPassará de novo, ainda, com certeza.
Vale olho de diretor? Diretor a gente, os simples e mortais espectadores, não vê no filme, só vê na Caras ou na Veja...
ResponderExcluirAlias, falando em Veja, eu soube que outro dia esta famosa revista nos contemplou com uma entrevista com um jovem Diretor de cinema brasileiro...
:-))))
A cena final desse filme é FODA! Todo o lance do envolvimento da família com a ex-namorada de Andrea é maravilhoso... Eu fiquei me segurando muito para não chorar, mas não teve jeito...
ResponderExcluirAbs,
Tavinho
E o Tavinho eu conta o fim do filme...
ResponderExcluirEu achei muito foda mesmo, chorei muito durante,mas esse final que o tavinho conta pra mim é uma superação, lindo mesmo.
vai entrar na minha lista dos 100+!
beijos
Camels
Nesta semana o filho de uma moça que é amiga de vários amigos meus morreu atropelado aqui no Rio - É a notícia de todos os jornais. A mãe é uma atriz conhecida e o pai é um grande saxofonista brasileiro. Não conhecia o garoto e pouco conheço seus pais, mas mesmo assim é foda ver isto mais ou menos de perto.
ResponderExcluirSobre esta tragédia, eu escrevi o seguinte no meu Facebook:
"Não faz parte da lei natural dos homens um filho morrer antes de seus pais.
Esta situação é uma tremenda injustiça e não deveria acontecer, nunca!
Mas isto acontece, infelizmente...
Dedico esta fotografia a estes pais jovens que perderam seu jovem filho ontem de forma tão estúpida quanto inesperada."
Enfim, creio que irei procurar O Quarto do Filho na locadora...
:-)
Assisti agora, lindo, leve, perfeito!
ResponderExcluirA música no final (na verdade toda a cena final) é de cortar o coração. Não chorei (extremamente raro eu fazer isso), mas é realmente emocionante. Entrou para a lista dos meus favoritos.
*quis dizer que é extremamente raro eu chorar...
ResponderExcluira frase ficou ambígua!
;)