segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Poderoso Chefão II

Filme: O Poderoso Chefão II
Título Original: The Godfather II
Diretor: Francis Ford Coppola
Atores: Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, Robert De Niro, John Cazale
Ano:1974
País: EUA



Uma das melhores sequências já feitas na história do cinema. Infelizmente o 3 é fraco e desnecessário.

Neste filme, Coppola nos conta a difícil evolução da família Corleone nos novos tempos, comandada por Michael. Paralelamente, volta no tempo para nos contar como foi que começou a história de Vito Corleone. Antes vivido por Marlon Brando, quando jovem era o Robert De Niro. Isso é que pode ser chamado de um personagem em boas mãos.

Novamente, Al Pacino é fundamental. Sua força para manter o controle de tudo e de todos, ainda mais tendo que substituir o lendário pai, o coloca em constantes conflitos. É duro, forte, rígido. Ao mesmo tempo explora seu poder, é ambicioso e intransigente. E de uma hipocrisia irritante.

Fica sozinho em sua necessidade de controlar todos esses domínios. Renega a irmã Connie, a mulher Kay, o irmão Fredo.

Já falei neste blog deste ator que faz o Fredo, John Cazale. Ao lado de Al Pacino, criam uma relação que é a melhor do filme. Entre as cenas está a excelente "you broke my heart, Fredo", que eu coloquei no youtube, abaixo. O diálogo que têm depois é espetacular, com uma luz que os transformam em silhuetas. Fredo tenta se explicar, revelando suas fraquezas. Michael cumpre seu papel, de duro e cruel defensor da família. Com toda a clareza o renega, o exclui, o humilha.

A dura tarefa de suceder o Don Corleone é também a de suceder o primeiro filme. Ambos são incrivelmente bem sucedidos, em todos os sentidos.



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Cena do youtube:


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Próxima semana:
A vila do cachorro.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Poderoso Chefão

Filme: O Poderoso Chefão
Título Original: The Godfather
Diretor: Francis Ford Coppola
Atores: Marlon Brando, Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, James Caan, John Cazale
Ano:1972
País: EUA



Quando eu tento refletir sobre o que faz deste filme uma obra prima, tenho dificuldades pela abundância de possibilidades. Um roteiro preciso, diálogos memoráveis, personagens complexos são seus elementos de atmosfera. Mas ainda há a luz, sempre escura, cheia de sombras e os enquadramentos perfeitos, como o final. E a trilha sonora!  Tudo é inesquecível, se complementam, criam, coletivamente, uma obra.

Mas a densidade da trama é o que mais me atrai. E a forma como Coppola conduz seu enredo, acrescentando personagens sem pressa, nos envolve em sua família como ninguém. Buscar esse olhar mais intimista, dentro das organizações criminosas, é o que faz com que nos sintamos parte. Não há, aqui, espaço para maniqueísmos, são todos reais, com interesses, com intenções, com dúvidas, com pecados e morais.

E a complexidade de seus personagens, não a toa, torna o filme grandioso. Pois uma planificação deixaria suas ações óbvias. Desta forma, eles atuam em suas nuanças. Marlon Brando é perfeito como o Don Corleone que, apesar de padrinho de enorme respeito, não vê entre os seus filhos um sucessor. O mais velho, Sonny, é explosivo e emocional. Fredo é fraco e instável. E a Michael, vivido por Al Pacino, Don Corleone reservou um futuro longe do crime. Casado com uma moça inocente, não se sente parte daquele meio. Já a Tom Hagen (Robert Duval), que é considerado como um filho, cabe o papel de o sábio administrador e advogado.

Em uma de minhas cenas favoritas (no youtube abaixo), o Godfather corta uma reação explosiva do filho Sonny, em uma reunião com outro chefe de máfia. Depois vem a moral: "nunca diga o que você está pensando para alguém que não é da família". O Poderoso Chefão é brilhante porque não conta a história de uma família criminosa, mas sim de uma família.

E, sem pressa, Coppola nos mostra o tempo passando e as mudanças ocorrendo. Os ataques a família Corleone, a morte de Sonny e a necessidade de um substituto cada vez mais evidente. Neste contexto surge a força da personalidade de Michael, que não poderia deixar de ser o líder em necessidade.

Não é fácil contar histórias grandiosas como essa. Muitas delas me cansam, como 1900, de Bertolucci; Leopardo, de Visconti ou Barry Lyndon. de Kubrick. São bons filmes, mas com a difícil tarefa de contar uma história que evolui no tempo. Mais fáceis são os pequenos recortes, tendem a ficarem melhores. No entanto, Coppola consegue passar tudo, no tempo certo, com a ajuda imprescindível de seus mestres atores.


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Próxima semana:
A melhor continuação de um filme.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Metrópolis

Filme: Metrópolis
Título Original: Metropolis
Diretor: Fritz Lang
Atores: Alfred Abel, Gustav Frohlich, Brigitte Helm
Ano:1927
País: Alemanha



Obra prima. Lindo. Genial. Forte. Duro.

Ao contrário do que falei sobre o último filme, Ensaio de Orquestra, Metrópolis é uma obra prima imagética. Muito simbólico também, pois cria um universo futurista, sua força está em uma espécie de dança de Pina Bausch de cada cena. Os homens andam, passo a passo, rumo ao elevador. No mesmo ritmo, com as mesmas roupas, outro grupo de homens saem. Todos eles com uma cara de nada, de ninguém. Trata-se da troca de turno da fábrica, na cidade dos trabalhadores, no subsolo de Metrópolis.

Esta cidade do futuro não é uma tentativa realista de Fritz Lang de prever o futuro. Pelo contrário, é extremamente expressionista. No entanto, o acúmulo caótico de prédios e os carros parados lembram bastante a querida São Paulo de hoje em dia. Mas é necessária uma pequena contextualização histórica. Fritz Lang, que dirige a obra, participou do movimento expressionista alemão, que explorava as expressões exageradas das faces, forte jogo de luz e sombra e cenários tortuosos.

Há, em Metrópolis, uma história de amor, ao estilo Romeu e Julieta, entre o filho do rico e a mulher pobre. Há uma esperança religiosa na liderança que esta mulher tem entre os trabalhadores. E há uma evidente divisão de classes que se torna cada vez mais difusa, hoje em dia. Talvez sejam aspectos que possam tornar a obra obsoleta. No entanto, algumas cenas desta obra valem mais do que muitas e muitas horas de produções feitas hoje em dia, na era do desperdício.

Dispensaria um ano de TV a cabo (que eu não tenho mesmo) se pudesse ver uma cena como as que vejo em Metrópolis. Em especial na relação dos trabalhadores com as máquinas, espécie de "Tempos Modernos", do Chaplin. O menino rico se coloca por um dia na posição de um trabalhador e sofre no seu afazer, que é uma imagem muito interessante. Ele deve apontar os ponteiros de uma espécie de relógio para as luzes que ficam acendendo. Ainda que haja fábricas hoje em dia, e muitos trabalhadores explorados, relaciono mais esse tipo de trabalho com qualquer ação nossa que esteja fora de propósito. Até que ponto não estamos fazendo este mesmo trabalho? Apontando ponteiros para luzes que nos ordenam, sem saber por que, para que, apenas sabendo que devemos fazê-lo. Me lembrei também do Desmond, em Lost, com seu trabalho de colocar números em uma máquina.

Enfim, Metrópolis é um ponto de referência. E esses pontos são extremamente necessários para quem trabalha com cinema ou com arte. São pontos de apoio que nos refrescam a mente e nos levam a um outro lugar. São fundamentais para que, quando o caminho está escuro, haja uma luz forte, gerando sombras expressionistas, a nos guiar.


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Próxima semana:
La famiglia.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ensaio de Orquestra

Filme: Ensaio de Orquestra
Título Original: Prova d'orchestra
Diretor: Federico Fellini
Ator: Balduin Baas
Ano:1978
País: Itália



Costumo ser um grande entusiasta de filmes que conseguem ser brilhantes com muito pouco. Não precisam de efeitos especiais estrondosos, nem mesmo de belas paisagens. Na verdade, são filmes onde a imagem é menos importante, espécie de teatros filmados, filmes feitos em uma locação.

Há em filmes deste estilo uma dificuldade maior de cativar o espectador. No entanto, há também espaço para maiores analogias e reflexões. Parece não haver relação lógica, mas eu explico. Em geral, esses filmes, como é o caso de Ensaio de Orquestra, se torna universal por analogia representativa. Ou seja, em um pequeno grupo de músicos e maestro vemos o mundo. Mais, vemos muitos mundos, vemos quantos mundos quisermos.

Em um estilo de falso documentário, Fellini apresenta seus personagens como se fossem os próprios instrumentos, os entrevistando. Cada um apaixonado por seu pequeno quadrado, crendo ser sempre o seu o mais importante, o que lidera, o que comanda. Não enxergam a orquestra. O maestro aparece como ponto de conflito, querendo reger sob rígida batuta.

A orquestra se revolta, expulsa o maestro, os jovens com ânimos exaltados, os mais velhos sem saber o que fazer. Torna-se rapidamente uma zona de ninguém, comandados pelo metrônomo ou cada um por si? Rapidamente os conflitos se espalham entre todos e a falta de organização gera o caos. O maestro espera pacientemente e, quando já estão perdidos, calados por uma bola gigante que invade a sala, os músicos voltam os olhos para seu antigo líder, esperando por uma caminho. Ele se levanta e volta a regê-los como antes, mas com mais poder e legitimidade.

Este breve resumo permite muitas analogias históricas e isso que deixa o filme mais interessante. O maestro pode ser Napoleão, que foi tirado de seu trono de imperador e pouco tempo depois, com a baderna francesa, foi eleito novamente pelo povo. Ou a orquestra pode ser a Alemanha que, desesperada, olha para uma liderança que os coloque na linha. Ou o comunismo, que não conseguiu se organizar coletivamente, dependendo de um líder.

Permitindo muitas interpretações, o filme é ainda perfeito porque, tratando-se de um filme de Fellini, os personagens são excelentes, com suas expressões fortes e verdadeiras, com seus pequenos trejeitos, com seus traços exagerados e reais ao mesmo tempo. Eles falam com a câmera, falam sobre música e sobre suas vidas. O filme é perfeito pois é grandioso e ao mesmo tempo íntimo, é único e ao mesmo tempo universal.

Pouco se fala desta obra prima de Fellini, injustamente. Portanto veja e compartilhe.




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Cena do youtube:



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Próxima semana:
Debaixo da terra.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Grande Ditador

Filme: O Grande Ditador
Título Original: The Great Dictator
Diretor: Charles Chaplin
Atores: Charles Chaplin, Jack Oakie
Ano:1940
País: EUA



Muitos já falaram sobre este filme e suas maravilhas. O primeiro filme falado de Chaplin, as excelentes ironias de Hinkel e Napaloni, no lugar de Hitler e Mussolini e a coragem de um filme feito em uma época, para seu tempo, sobre seu tempo. Duro tempo.

As cenas incríveis de Hynkel dançando com seu globo, a excelente disputa fútil entre os dois ditadores, as cenas mais chaplinanianas do barbeiro judeu. Enfim, inútil eu ir por esse caminho.

Tenho a impressão que este filme foi feito a partir de um discurso imaginário de Chaplin. (cena do youtube) Coincidentemente, seu companheiro de bigode foi o tal do ditador alemão.  Só os dois são lembrados por esse bigode, quase impossível de se ver nas ruas, hoje em dia. Chaplin pode ter sonhado com o dia em que, por uma coincidência inexplicável, o tomassem pelo ditador e, ao invés das palavras de ódio, ele pudesse expressar amor. Fico imaginando que o resto do filme surgiu daí.

Assim o filme se justifica, com o barbeiro judeu sendo confundido com o ditador Hynkel, líder da Tomania. E sem saber o que dizer, faz um discurso cheio de uma boa vontade de ajudar o próximo, de unir os povos, de celebrar a igualdade. Mais tarde Chaplin seria acusado de comunista e perseguido por isso. Com certeza há nesse discurso motivo suficiente para esta acusação. "Let us all unite", assim termina seu discurso.

Ora perseguido por crenças religiosas, ora políticas. A reflexão que assistir o filme hoje em dia nos trás é de que, infelizmente, pouco evoluímos nesses últimos dez mil anos. Nos forçamos a enxergar bondade e justiça em um mundo cruel que criamos, para que consigamos dormir sem grande peso na consciência.

Mas quando questionamos profundamente para onde estamos indo, e se estamos sendo bem sucedidos, percebemos que ainda seguimos a lógica de dar dois passos atrás para dar um a frente. O que nos coloca muitos passos atrás do próprio início.

Outro dia, vendo uma palestra do Ladislau Dowbor, gostei muito de uma análise que ele fez. Disse que, em visita a uma dessas lojas de construção, reparou que há uma enorme variedade de opções para tampas de privada. De todos os formatos, materiais e cores. Atividade relativamente prosaica, comentou. No entanto, para tantos outros trabalhos essenciais, como alfabetização, prevenção de saúde, etc, estamos defasados. Sua conclusão é que temos um problema de organização social. A minha conclusão é que, em uma bifurcação há muito já deixada para trás, escolhemos o caminha das tampas de privada.





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Cena do youtube:



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Próxima semana:
Ditador maestro.

domingo, 1 de maio de 2011

Maio - Grande Irmão

Em maio selecionei alguns filmes que tem a centralidade de uma figura dominadora, seja ditador, mafioso, líder de guerra ou mesmo um sistema dominador. Muitos filmes trazem este tipo de figura, porque muitas vezes nós, humanos, incitamos a existência deles. 

Recentemente vimos a luta contra ditadores pré-históricos do mundo árabe. No entanto, os mais difíceis de combater são aqueles que não tem figura própria. Ou seja, não são uma pessoa ou um governo, mas um poder mais subjetivo. As repreensões de sistemas, de morais e de costumes são alguns exemplos.

Outro ponto interessante de nossa espécie, na observância social dela, é a necessidade que temos de líderes. E a existência natural deles em pequenos grupos. Em qualquer momento de crise surgem esses traços, dos líderes, dos rebeldes, dos indiferentes, dos neuróticos, dos apaziguadores, etc.
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