segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Corporação

Filme: A Corporação
Título Original: The Corporation
Diretores: Mark Ashbar e Jennifer Abbott
Ano: 2003
País: Canadá, EUA


A escola brasileira de documentários ensina que a melhor forma de tratar um tema complexo e enorme, como a pobreza, a desigualdade de renda, a morte, a vida, o capitalismo ou as corporações, seria encontrar uma pequena história que possa ser universalizado. Desta forma, ao fazer um documentário sobre o Brasil, devo fazer um recorte minúsculo, de uma cidade, de um bairro, de uma casa. Como falei em Ser e Ter e Pro Dia Nascer Feliz, são documentários intimistas que fazem um recorte local para uma interpretação universal.

Já em A Corporação a ambição é maior. Busca-se explicar todo o sistema financeiro ocidental, ao qual estamos completamente entregues, com um recorte das corporações (que não é um corte pequeno). É evidente que, mesmo o maior dos documentários e o mais ambicioso terá algum recorte, alguma escolha de personagens, de histórias, de pontos de vista. Mas, se este documentário fosse feito seguindo os ensinamentos da escola brasileira, provavelmente a investigação seria feita em uma cidade pobre do Nordeste, com algum exemplo que aos poucos se torna evidente das injustiças sociais geradas por uma grande companhia do petróleo.

Enfim, voltando ao filme. Ele é extremamente competente em sua grande ambição. E tem muitos méritos nisso, pois, apesar da crítica áspera que faz ao sistema econômico, consegue abrir espaço para que todos os lados da questão se manifestem. Assim, não temos apenas os velhos críticos falando (como Noam Chomsky e Naomi Klein), mas também presidentes de grandes companhias, operadores do mercado de ações e inclusive uma coordenadora da indústria de brinquedos, que se coloca em posição complicada, ao elogiar os esforços de sua indústria para conquistar mercados, citando cifras bilionárias que gastam com publicidade para crianças. Em paralelo, uma outra mulher, crítica a esta mesma indústria, cita os mesmos dados para mostrar a impossibilidade dos pais comuns lutarem contra a propaganda que entra em suas casas.

A tese do filme é que uma empresa tem todas as características que damos a um psicopata social, se a tratássemos como uma pessoa. Nem mesmo os presidentes das grandes corporações concordam com as medidas que devem tomar como seus dirigentes. E por que as tomam? Porque quem manda é o mercado, são as ações e os acionistas. Na prática, o bom e velho dinheiro é o chefe.

Eu penso que esta realidade começa a mudar, aos poucos. A liberdade total entregue aos mercados gerou a crise dos EUA, onde foram gastos recursos suficientes para resolver o problema da fome, da deigualdade, das injustiças, do preconceito, das guerras e de tantos outros que podemos pensar aqui. Isto é, para não dizer nada mais, totalmente absurdo e intolerável. Ou, talvez, uma estupidez muito estúpida.

Existem outros modelos de desnvolvimento? Existem. Por que não mudamos para eles? Porque, infelizmente, nós somos muito lentos para promover mudanças estruturais. Temos que começar a falar desses modelos, para que alguns jovens cresçam com estas ideias e em algum momento de suas vidas possam aplicá-las ou ensiná-las. E para que elas possam ser aplicadas, aqueles que são muito velhos para compreendê-las devem morrer. De morte morrida, é bom deixar claro. Não estou propondo o assassinato das mentes estúpidas. Aliás, alguns propõe estes assassinatos e conseguem fazer com que as mudanças aconteçam mais rapidamente. Mas a democracia, sagrada, faz com que os processos lentos fiquem ainda mais lentos. E difíceis. Paciência.



Torrent: download aqui
Legenda: download aqui


Cena do youtube:
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Próxima semana:
Os bastidores de uma campanha política.

Um comentário:

  1. Vi,
    Teu texto está ótimo. O filme é bárbaro e levanta estas questõe que você coloca na "mesa". Cabe a nós , aceitarmos o que está ai ou tentarmos mudar.
    Muito bom , o filme e tua análise.

    Sergio Fisch

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