segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dodeskaden


Filme: Dodeskaden
Título Original: Dô desu ka den
Diretores: Akira Kurosawa
Atores: Yoshitaka Zushi, Kin Sugai, Toshiyuki Tonomura
Ano: 1970
País: Japão


Dodeskaden é um recorte do mundo feito por Kurosawa. Nas pequenas coisas vemos o universo. E um pequeno grupo de pessoas, em uma pequena comunidade, como uma aldeia indígena, ou a vila do Chaves, está o mundo inteiro.

Os personagens de Dodeskaden não saem do pequeno cenário desenhado para eles, ora realista, ora lúdico. São todos humildes, bebem muito sake e têm suas manias e loucuras.

Dois dos loucos chamam a atenção. Um deles percorre o filme todo andando como se fosse o maquinista de um trem, repetindo a palavra "dodeskaden". O outro, que vive dentro de um carro com seu filho, vive imaginando sua casa ideal, em uma montanha.

Um filme digno para terminar este blog com muita categoria. Ele carrega uma leveza que se torna descompassada em alguns momentos. Há temas muito pesados e tristes, mas o clima do filme é sempre de bom humor. Uma clara consciência de cores nos liberta dos temas mais densos. E os personagens, mais caricatos, passam pelas dificuldades sem grandes pesares.

Aqui termina este blog, com lições de vida orientais. Com um enorme caminho a trilhar que, embora triste, pobre e injusto, pode ter belezas para encontrarmos sem querer nas pequenas coisas. À leveza e à simplicidade. Amém.


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Próxima semana:
Não tem próxima semana.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Filho


Filme: O Filho
Título Original: Le Fils
Diretores: Jean-Pierre e Luc Dardenne (Irmãos Dardenne)
Atores: Olivier Gourmet, Morgan Marinee, Isabella Soupart
Ano: 2002
País: França


Este filme é daqueles de dar nó na garganta. Típico dos franceses, que gostam do estilo. Assistam o trailer (excelente, abaixo), que diz muito sobre o espírito do filme.

A câmera na mão, sempre seguindo os passos de Olivier (nome do ator e personagem), nos deixa sempre em dúvida do que se trata o filme. Nos sentimos como se a câmera fosse íntima demais. Talvez nem sequer desejássemos estar ali. O filme começa assim: Olivier está observando um dos garotos, não sabemos bem o motivo. A primeira impressão é que talvez ele seja pedófilo. Não seria justo eu contar a trama aqui, já que eles não revelam nada no trailer. O não saber, a dúvida, fazem parte da graça desta obra-prima. Até o cartaz segue a mesma linha, ao cortar o rosto do garoto.

Interessante que não há grandes eventos que ocorrem durante a trama. É basicamente a relação de Olivier com o garoto. E a não aprovação de sua mulher. Uma história que poderia ser contada em uma linha mas que, diferente de muitos filmes que forçam um enredo, consegue dar importância a cada plano de sua história.

Este é o único filme que entrou na lista desde que eu comecei o blog. Não porque tenha assistido no meio tempo, mas porque tinha esquecido dele em primeiro lugar. E quando assisti "A Criança", dos irmãos Dardenne - ótimo filme também - me lembrei desta obra prima e da necessidade de te-la aqui.

O tipo de cinema dos Dardenne é plenamente contemporâneo, do estilo que Cannes gosta: câmera na mão, ausência de trilha, histórias íntimas e duras. Dediquei dois meses deste blog aos filmes premiados em Cannes, pela Palma de Ouro (este aqui recebeu um justo prêmio ao seu ator principal, Olivier): Maio e Junho de 2010.


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Próxima semana:
Obra prima do mestre japonês.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Butch Cassidy


Filme: Butch Cassidy
Título Original: Butch Cassidy and the Sundance Kid
Diretor: George Roy Hill
Atores: Paul Newman, Robert Redford, Catherine Ross
Ano: 1969
País: EUA



George Roy Hill fez dois grandes filmes: Golpe de Mestre, um filme de golpe e Butch Cassidy, um filme de bandido, por assim dizer. Mas sua dupla de atores ficou muito mais marcante do que seu nome. Paul Newman e Robert Redford são brilhantes e seguram com tranqüilidade os dois filmes.

Butch Cassidy e Sundance Kid foram criminosos reais, que se tornaram lendários, no fim do século 19. De certa forma lembram um pouco o nosso Lampião e seu bando. Bandidos que tem o carinho da população e se tornam lendas vivas.

O filme tem a leveza e o bom humor necessários para se tornar uma grande obra, daquelas que podemos rever muitas vezes sem nos cansar. A famosa cena com a música "Rain Drops"se perpetuou no cinema.

Gosto muito quando a dupla é perseguida por um policial durão pelo deserto de rochas americano. A perseguição leva muito tempo, mas não é algo emocionante. Pelo contrário, estão sempre a distância, mas sempre lá, mantendo o mesmo ritmo. Até que a dupla fica encurralada em um penhasco, na cena do youtube abaixo, que revela a essência do filme. O bom humor em um momento de tensão.

O final, quando estão na Bolívia, também é excepcional. Se fosse no cinema atual, com certeza teriam abusado da habilidade da dupla, fazendo umas vinte seqüências do filme. Vai lá Paul Newman e Robert Redford, façam graça e entretenham nosso público.



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Próxima semana:
Angústia francesa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Nelson Freire


Filme: Nelson Freire
Título Original: Idem
Diretor: João Moreira Salles
Ano: 2003
País: Brasil

documentário




Nelson Freire é um documentário interessante em muitos aspectos. Em primeiro lugar, pela força que existe no cinema. Apesar de ser conhecido em um pequeno nicho, após o filme seu nome passou a ter um reconhecimento muito maior, ainda um nicho mas bem mais amplo. É claro que a família Moreira Salles tem grande influência sobre a cultura no Brasil, por isso é importante ser "escolhido" pelo João. O que ele abraça, vinga.

Mas é inegável que ele seja um dos maiores cineastas do país. Por isso me entristecem os boatos de que ele não deseja mais trabalhar com cinema. Ao menos não mais dirigindo. Suas obras tem claras referências globais. Não é um brasilianista. E essas referências transparecem no filme, são explícitas, tanto em Nelson Freire como em Santiago, ele usa trechos de filmes, referências para reflexões. Aqui, adoro o tímido músico mostrando um trecho de um filme de Errol Garner, jazzista tocando piano com alegria e liberdade. E Nelson Freire dirige a câmera para que filme a TV e não ele, e o câmera vai e volta, desafiando e obedecendo o personagem.

João Salles diz que acompanhou Nelson Freire por dois anos antes de entrevistá-lo. Um feito incrível para conseguir quebrar a timidez do pianista. A intimidade fica clara quando um repórter francês está fazendo uma matéria idiota para uma TV local e pergunta algo como "você acha que vir de um país quante como o Brasil muda o seu jeito de tocar?". Ele desvia o olhar procurando a câmera de João, como quem diz "ta vendo o que eu preciso aguentar?".

Um personagem tímido e contido para um documentário como esse já merece respeito. Mas o que realmente me agrada é a montagem do filme. É simples, tranquila, tímida e contida como o seu personagem. E brilhante. Devo admitir aqui que copiei várias coisas para um filme que fiz, chamado "Arquivo Familiar".



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Próxima semana:
Faroeste divertido e inesquecível.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Janeiro - Perdidos

Janeiro é o último mês deste blog.

Quase dois anos após seu início, eu não mudei quase nada no planejamento dos filmes. Vi alguns filmes que talvez pudessem entrar aqui, como Cópia Fiel, mas nenhum que fosse absoluto e definitivo.

Para este último mês, ficaram os filmes perdidos, que não consegui juntar em alguma categoria. Outros dez filmes ficaram na berlinda, do lado de fora esperando uma possibilidade. E não vão entrar nos meus 100 filmes favoritos.

Entre eles, alguns presentes em todas as listas, como Laranja Mecânica, do Kubrick (já bem presente) ou Veludo Azul, do David Lynch (que ficou de fora da lista). Outros seriam de grande polêmica, como Houve Uma Vez Dois Verões, do Jorge Furtado ou Feitiço do Tempo, aquele filme da marmota com o Bill Murray.

Apenas um filme, que está na lista deste mês, entrou no processo, porque tinha esquecido dele lá no início. Um lindo filme dos irmãos Dardenne. Os outros formam um painel de filmes que pouco se relacionam. Um documentário intimista, um filme japonês meio maluco e um clássico americano, divertidíssimo, para iniciar o ano e acabar o blog, que já cumpre sua função e cujos leitores mais frequentes não agüentam mais.
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