segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

eXistenZ


Filme: eXistenZ
Título Original: Idem
Diretor: David Cronemberg
Atores: Jennifer Jason Leigh, Jude Law, Iam Holm, William Dafoe, Sarah Polley
Ano: 1999
País: EUA



Existenz é um universo todo novo, da cabeça de Cronemberg (o mesmo diretor de A Mosca). É um jogo no qual o jogador precisa entrar virtualmente tão profundamente naquela nova realidade que ele não consegue distinguir o real do fictício.

As rodas de jogadores parecem um pouco lan houses com jogadores compenetrados, debaixo de seus fones de ouvido, imersos em jogos de guerra e coisas do gênero. Aqui, uma espécie de chip é implantada na espinha vertebral das pessoas que entram no jogo. Elas apagam e entram de corpo e alma nesta nova realidade. Mas há o jogo dentro do jogo e nunca sabemos onde está a realidade, pois nenhuma delas é próxima da nossa. (é melhor ver o trailer aí embaixo, para entender melhor)

Alguns cineastas tem capacidade de criar mundos paralelos, como é o caso mais reconhecido do Tim Burton. Mas também do Miyazaki e do Syvian Chomet. Cronemberg é outro da lista, com seu prazer por aberrações, mutações biológicas e uma certa podridão de submundo. Por isso, os ambientes de eXistenZ são tão interessantes. Me lembram também um pouco do submundo de outras ficções científicas, como Blade Runner e Minority Report.

Eu não sei dizer se há uma crítica a alienação aqui, mas há, no mínimo, uma excelente interpretação de possibilidades deste mundo. Temos uma obsessão pelo real, por simular o real. Desde as pinturas, a fotografia, o próprio cinema, os jogos e as novas tecnologias 3D, estamos sempre buscando esta estranha experiência de viver uma outra realidade.

Brincam com este limiar muitos filmes deste blog, pois é uma temática que me interessa bastante (quem sabe possa surgir um mestrado daí?). Falo muito sobre isso em Jogo de Cena e, especialmente, em Close Up.

Um cena que merece destaque aqui é quando Jude Law, em desespero, sem saber o que fazer, grita "eXisteZ is paused!" e ele sai daquele mundo voltando a antiga realidade. Outra, que não vou descrever aqui, é a perfeita cena final. Para deixar uma vontade maior de ver o filme.



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Próxima semana:
O mundo íntimo de um músico tímido.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Smoking / No Smoking





Filme: Smoking / No Smoking
Título Original: Idem
Diretor: Alain Resnais
Atores: Sabine Azema, Pierre Arditi
Ano: 1993
País: França







Sempre tive um incômodo com filmes que tratam de viagens no tempo e coisas do gênero. Em especial porque as tentativas de explicações científicas me incomodam. Uma característica mais comum nos filmes clássicos e em especial americanos é tentar sempre uma explicação plausível, que nunca conseguem atingir. Isto começa (e já refleti sobre isso aqui no blog) em De Volta para o Futuro. Como seria possível que ações do passado não influenciassem o futuro? Sou adepto da teoria que um bater de asas de uma borboleta pode provocar um furacão no Japão. Mas o filme Efeito Borboleta, no qual um garoto consegue ter flashs de volta ao passado, deturpa a teoria. Exemplo: ele quer provar que consegue voltar ao passado, então volta a um momento na escola e enfia uma faca na mão, volta ao futuro e aparece uma cicatriz na mesma mão. Mas tal evento teria afetado tanto sua vida que seria impossível ele estar ali, no mesmo local do futuro.

Smoking / No Smoking é uma brincadeira com o tema que, depois que vi, desisti de fazer qualquer coisa relacionada a isso, pois tal filme serve como ponto final. A explicação que ele usa é simplesmente um recurso de linguagem cinematográfica. São dois filmes, na verdade. No primeiro, a mulher resolve fumar um cigarro e a história segue um caminho até que, em determinado momento ele usa uma tela com os dizeres "ou então" e volta a algum ponto atrás, uma simples mudança que afeta todo o futuro da história. São apenas dois atores que se relacionam e brincam com estas possibilidades de futuro. Ele volta várias vezes nos mostrando que em qualquer momento, qualquer decisão nos leva a um lugar diferente. Um adepto da falta de destino, do poder de influenciarmos nosso futuro. No segundo filme, ela resolve não fumar e toda uma árvore de novas possibilidades surge.

Sempre reflito sobre o tema e tenho a teoria de que vivemos em um espaço de tempo infinito, o que nos possibilita todas as possibilidades que o acaso permite. Ou seja, tudo! O que podemos imaginar e o que não podemos. Como o tempo é infinito, aqui estamos agora, mas já estivemos exatamente neste ponto infinitas vezes no passado e estaremos nele infinitas vezes no futuro. Uma coisa totalmente maluca, eu sei, mas que este simples filme traduz de forma brilhante.

No vídeo do youtube abaixo, uma campanha divulgando a exibição dos dois filmes, simultaneamente.





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Próxima semana:
O mundo maluco de cronemberg.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Timecode


Filme: Timecode
Título Original: Idem
Diretor: Mike Figgs
Atores: Xander Berkeley, Golden Brooks, Salma Hayek, Stellan Skarsgard
Ano: 2000
País: EUA


Para quem viu esse filme, a dica da semana passada ficou fácil: "planos sequência divididos em telas". Porque isso é o filme. Isso resume sua importância. Foi um marco no cinema recente, que explorou as novas possibilidades do cinema digital, assim como Avatar foi para o cinema 3D.

Mais um filme que vi na mostra internacional de cinema. E foi uma grande experiência. Quatro câmeras acompanham situações diferentes, em quatro planos sequência, que se juntam e se afastam, dividindo a tela em quatro. O som guia nossa atenção, sendo predominante na tela em que o diretor nos quer mostrar no momento. Mas temos a liberdade de observar as outras, se assim quisermos. E tudo tem um toque de um ensaio misturado com um improviso, chegando a ser bem cômico em alguns momentos.

É um desses filmes que tem uma importância histórica mas que, diferente de Arca Russa, apesar das inovações tecnológicas, não sustenta um enredo bom o suficiente para se perpetuar. Mas como este blog tem o intuito de trazer visões pessoais minhas e, portanto, os filmes que se perpetuam em mim, este aqui está.


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Próxima semana:
Fumar ou não fumar, eis a questão.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Arca Russa


Filme: Arca Russa
Título Original: Russkiy Kovcheg
Diretor: Alexandr Sukurov
Atores: Sergei Dontsov, Mariya Kuznetsova
Ano: 2002
País: Russia


Arca Russa é um desses filmes que são feitos para serem apreciados como uma obra de arte. Não se trata de um entretenimento e, portanto, a análise do ponto de vista do gosto do espectador não interessa. Ou seja, pouco importa se agrada ou não ao público.

Ao entrar no cinema (mais um filme que vi na mostra do Cakoff), não sabia muito o que esperar. Tinha ouvido falar pouco do filme, mas muito bem. E a mostra fazia uma homenagem a Sukurov, trazendo vários de seus filmes e o convidando para assinar o cartaz do festival. Ele desenhou algumas árvores ao vento. Um belo cartaz. Ali embarquei na obra.

A primeira impressão é a angústia da falta de corte, pois o filme se passa inteiro em um plano sequência. Como estamos acostumados ao corte, nos é aflitivo não poder contar com ele. A segunda aflição é entender muito pouco das referências históricas trazidas pelo filme, pois ele faz um panorama da história russa, viajando no tempo enquanto passeia pelas salas do museu Hermitage.

Mas ao fim da viagem, a sensação é incrível. Acompanhamos uma espécie de sonho de um personagem que viaja por esse museu, passando por diversos eventos e conversando com um guia também livre para perambular entre os cômodos.

Ao mesmo tempo em que faz essa viagem em um ritmo lento, ao estilo de seu mestre Tarkovsky, e nos traz diversas referências de época, sua produção é altamente contemporânea. Abusa dos recursos que hoje em dia ficam cada vez mais acessíveis. Filma em digital, o que chega a ser um erro de linguagem, e realiza o sonho de Hitchcock (quando quis fazer Festim Diabólico em um plano sequencia, mas tinha que cortar algumas vezes, pois os rolos de película nunca chegaram a duas horas).

E realiza este sonho com perfeição e ousadia. Envolve centenas de atores, coreografias, danças de salão, figurinos de época. Na maravilhosa sequência final (video abaixo), todos descem uma escada após a dança. Realmente parece que entramos naquele mundo.

Eu fui ver o filme sozinho e não tinha com quem compartilhar minhas sensações. Mas os outro espectadores (alguns acordando), também não tinham muitas palavras para dizer. Apenas algumas bocas abertas de admiração. Mesmo aqueles que não gostaram, que acharam o filme chato, admitiram sua beleza. Obra prima.


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Próxima semana:
Planos sequências divididos em telas.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dezembro - Outras Linguagens

Cinema é linguagem. Em geral, seguimos regras para entendê-la melhor, como qualquer linguagem. Griffith, no início do século XX foi quem determinou a maioria dos padrões que, hoje em dia, nem sequer notamos. Eisenstein criou outras maneiras de contar suas histórias. Mas o cinema industrial, a TV e, falta de competência generalizada e de criatividade e os manuais de roteiros determinaram um certo padrão na forma de contar filmes.

Mas ainda há os que fogem desses padrões. Quatro deles estarão aqui neste mês. Loucos ou gênios?
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