segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Zelig

Filme: Zelig
Título Original: Idem
Diretor: Woody Allen
Atores: Woody Allen e Mia Farow
Ano: 1983
País: EUA



Para mim, Zelig é a obra prima de Woody Allen. São muitos motivos para tal, mas creio que o mais importante é uma relação muito forte que tenho com filmes do Cinema do Absurdo, escola que não existe oficialmente mas que muitos seguem como conceito naturais de suas cinematografias. Tecnicamente, muitos filmes são brilhantes. Estéticamente, muitos filmes são perfeitos. Mas os que me tocam precisam ser conceituamente ligado a mim de alguma forma, como é Zelig e sua grande analogia.

O personagem Zelig, que virou referência na psicologia, é o Woody Allen camaleão, transfigurado em todos aqueles com quem passa a ter alguma relação. Falso documentário sobre este personagem, com depoimentos, narração, imagens de arquivo e a perfeita construção de um documentário, mas com seu objeto principal sendo este falso personagem. Na verdade não tão falso assim, só um pouco exagerado em alguns pontos para a formação caricatural da figura Zelig, o homem-camaleão.

O homem que tem personalidade fraca, que não tem forças em suas posições e prefere agradar aqueles à sua volta para ser aceito tem um pouco de Zelig. Já conheci alguns deste tipo por aí. São vendedores de carros,  contadores de causos, pescadores, jovens querendo afirmação, machos alfa conquistando suas fêmeas. Mas no fundo todos somos um pouco Zeligs, um pouco camaleão. E os que não são já vão para o outro lado da gangorra, como loucos varridos, fundamentalistas, estúpidos e autistas. 

O estranhamento, típico do Cinema do Absurdo, é o ponto de partida para uma reflexão do espectador. Até que o estranhamento passa a ser comum e o comum passa a ser o estranho. Assim acontece com Zelig, quando percebemos que ele nada mais é do que um extremo de uma característica nossa, mas explicitada, exagerada, doentia. A nossa, saudável, parece então um pouco hipócrita. O que estamos fazendo sendo Zeligs todos os dias e não nos dando conta disso? 

E o formato escolhido pelo Woody Allen para contar-nos esta história é mais do que adequado. Um falso documentário brinca com a realidade e a ficção e esta linha tênue que o próprio filme tem, um filme meio Zelig, querendo ser algo que na verdade não é. Mas com a distinção de se tratar de uma escolha consciente, de uma aproximação pensada, de uma dança nesta linha, usada ora para informar, ora para confundir, mas sempre para divertir.


Torrent: download aqui

Legenda: download aqui


Cena do youtube:



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Próxima semana:
Mestre Coutinho brincando conosco.

11 comentários:

  1. Vi e adorei.
    Fiquei com vontade de ver de novo, vou atrás do DVD na locadora.
    Ainda não me acostumei com esta possibilidade baixar e ver no computador, prefiro a TV.
    :-)

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  2. Sem problemas de ver na TV. Eu mesmo tenho este DVD por se tratar de um filme para rever muitas vezes.

    O serviço disponível para downloads é mais um serviço de acessibilidade para os confins do Brasil e do planeta, para uma rede compartilhada de filmes e coisas do gênero. (imagine o cara do Butão que está estudando o Brasil e encontra este blog e estes comentários meus e resolve baixar um filme brasileiro aqui recomendado)

    Ou um amigo que sempre entra de Pucurana, onde não faço ideia se há qualquer locadora de filmes mais alternativos...

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  3. Adorei a sugestão. Gosto de alguns filmes do Woody Allen, mas nunca tinha ouvido falar desse. Obrigada por colocar o link de download.

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  4. Olá Mulher modernex... qual seria o seu predileto do Woody Allen?

    Mais dois deles entrarão nesta lista...

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  5. Oi, o meu preferido dele é Annie Hall. Mas também gostei muito de Manhattan, Match Point e achei Misterioso assassinato em Manhattan uma comédia leve e legal e Vicky Cristina Barcelona é bem charmoso.

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  6. Tô na espera do Moutinho...já são 22 e 49 de domingo.
    :-)

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  7. Segunda - 12:22

    JÁ SEI!!!!

    O Eduardo Coutinho é o Zelig!
    Ou será que o Zelig é que é o Coutinho...?

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  8. Ué...
    não sei o que aconteceu...
    eu tinha programado a entrada do post.
    Que bom que tenho sentinelas a postos...

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  9. Perfeitamente de acordo: o melhor filme de Woody Allen

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  10. Vou na contramão do comentários que li no blog. O filme pode ter um formato moderno, um temática interessante, ser divertido, mas achei muito cansativo....não via a hora do filme acabar. Acho que é um filme que não desperta a curiosidade do que acontece ao final, ponto que pra mim é fundamental.

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